A espantosa
história da medicina (o nascimento das neurociências - por Antônio Samarone)
Frenologia –
o médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828), criou um método de avaliação das
saliências do crânio (cranioscopia), onde se poderia identificar os traços do
caráter das pessoas, suas habilidades mentais, e até as suas tendências criminosas.
Gall dividiu o cérebro em 27 zonas, identificadas nas protuberâncias ósseas.
Segundo
Nicolelis, “Gall “identificou além de áreas especializadas para diferentes
emoções, como o instinto de reprodução, o amor a própria prole, o orgulho, a arrogância,
a vaidade e a ambição; sugeriu a existência de regiões corticais especializadas
na definição da opção religiosa, no talento poético, na firmeza de caráter e na
perseverança.”
A frenologia
sofreu contestação, mas continuou produzindo consequências. Os consultórios
frenológicos se espalharam pela Europa e USA, na primeira metade do Século XIX.
A craniologia se tornou influente na era vitoriana, e foi usada para justificar
o racismo, a colonização e a dominação de "raças inferiores".
O médico
italiano Cesare Lombroso (1835-1909), incorporou outros elementos a frenologia,
como a fisiognomia (avaliação das aparências), e criou uma teoria de antropologia
criminal, que vigorou por muitos anos. Lombroso achava que certos criminosos apresentavam
evidências físicas de um atavismo hereditário, reminiscente de estágios mais primitivos
da evolução humana.
No Brasil, o
médico maranhense Nina Rodrigues, diretor do Instituto de Medicina Legal da
Bahia, usou amplamente as concepções lombrosianas para realizar os seus estudos
eugênicos e racistas.
Durante o Terceiro
Reich, a certificação craniométrica tornou-se obrigatória por lei e era
realizada por centenas de institutos e especialistas na Alemanha. Muitas
pessoas foram condenadas aos campos de concentração ou tiveram negado o
casamento ou o trabalho, em função desta "má medida do ser humano", segundo
o Dr. Renato M.E. Sabbatini, da UNICAMP.
Antônio Samarone.
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