Romaria sem
romeiros...
As quatro
horas da madrugada parti numa Van, com a minha turma de peregrinos, com destino
a romaria de Nossa Senhora Aparecida. Cinco e pouco estava em Ribeirópolis. E
aí, danei-me a caminhar. O que era aquilo? Um mar de gente! Não sei calcular, dez
quilômetros de gente.
Pensei, quem
é esse povo? Eles responderam cantando: “esse é o povo que vai morar no céu...”
Será se vão esvaziar o inferno? De onde veio esse povo todo? Não sei...
Acostumado com
as romarias do Padin Ciço, romarias de penitentes, sertanejos, gente sofrida; a
romaria de Aparecida é de outra natureza. Muita gente jovem, sorridente, pousando
para selfies; muita gente passeando. Um certo espírito fitness. Claro, tem um
ou outro centrado na fé antiga, rosário na mão, pés descalços, fazendo ou
agradecendo alguma promessa. As romarias também mudam.
Não entendo como
as igrejas católicas andam vazias, com tantos devotos...
Ao longo do
percurso vários trios elétricos, daqueles que o som vibra na caixa dos peitos
da gente. Soube que quem contrata são as paróquias. A música e o ritmo são baianos,
as letras religiosas. As cantoras pedem que as pessoas levantem as mãos, os pés,
pulem, deem saltinhos, tudo o que se pede no carnaval. Me disseram que é para
atrair os jovens. Já eu, suporto como penitência.
Outra coisa, não
vi um padre, um frade, um coroinha. Onde está a instituição igreja, a romana? A
capela do povoado Queimadas cabe no máximo cem pessoas. Claro, os padres
celebravam as missas.
Com todas as novidades,
essa é a fé que temos. As novas tecnologias, o celular, a internet, o drone, o GPS,
as sementes transgênicas, nada, nada muda a alma humana. A velha natureza
humana. Continuamos religiosos, com medos atávicos e acreditando em milagres.
Antonio Samarone.
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