A ameaça
comunista... (Por Antônio Samarone)
Vivam os espíritas, os
monarquistas, os anormais, os criminosos de todas as espécies;
Viva a filosofia com
muita fumaça e pouco fogo;
Viva o cão que ladra
mais não morde, vivam os astrólogos libidinosos, viva a pornografia, viva o
cinismo, viva o camarão, viva todo mundo, menos os comunistas.
Pablo Neruda
Hoje, as 3:15
da madrugada, a última célula comunista de Sergipe fechou suas portas. A ameaça
de eliminação dos Vermelhos, fora o suficiente. Os últimos comunas organizados
em células, obedientes ao centralismo democrático, caíram na clandestinidade
eterna.
Agora que
acabou, eu posso contar!
Durante a
guerra fria, Aracaju foi a moscousinha do Nordeste. Anualmente, em todo 03 de
janeiro, Aracaju acordava ao som da queima de fogos de artifícios, nos bairros
operários. Era o aniversário de Luiz Carlos Prestes. Os mais velhos lembram e
contam.
Nas eleições
de 1947, segundo Luiz Antônio Barreto, “Aracaju deu maioria a Iêdo Fiúza,
candidato dos comunistas a presidente, também deu mais votos a Luiz Carlos
Prestes, para o Senado, do que aos candidatos sergipanos. Elegeu o médico
comunista Armando Domingues, e o jornalista e empresário socialista Orlando
Dantas, para a Assembleia Constituinte e Legislativa de Sergipe.”
Sem contar a
eleição do comunista, Carlos Garcia, como o Vereador mais votado de Aracaju, em
1946.
Esta célula
vermelha funcionava numa casa apertada, ao lado do quartel do 28 BC, no Bairro
18 do Forte. Eles eram apenas nove, o mais novo com 82 anos. Liam Marx, Hegel, Bukharin
e Plekhanov, possuíam uma pequena biblioteca, e tinham guardadas as fotos da
última visita de Prestes à Aracaju.
Eles eram
apenas nove, o jornalista Fragmon Carlos Borges, o operário têxtil Manoel
Vicente, o gráfico Zé Nunes, o mecânico Lourival, o Jornaleiro Careca, o filosofo
Gilberto Burguesia, o relojoeiro João Océas, o servidor público Agonalto
Pacheco e o ferroviário Pedro Hilário. E ainda Lídio da Cocada, que citava
Lênin a três por dois. A célula recebia orientação de Rosalvo Alexandre, ex representante
de Prestes em Sergipe.
Esta célula
funcionava desde 1956. Criada logo após o XX Congresso do PCUS, onde Nikita Kruschev
denunciou os crimes de Stalin. Hoje, pela madrugada, após a leitura de trechos
do “Que Fazer”, clássico de Lênin, decidiram pelo inevitável, fecharam a
célula. “Gato escaldado, tem medo de água fria”, profetizou Lídio da Cocada!
Após
exaustivas discussões, decidiram, por unanimidade, fechar a célula. Por fim,
cantaram a Internacional e, por via das dúvidas, lavraram uma ata
circunstanciada. Nesse ato singelo, os últimos que lutavam pela coletivização
dos meios de produção, ditadura do proletariado e o fim do estado burguês,
penduraram a chuteira. Eles abominavam os vícios da pequena burguesia.
Por uma
deferência pessoal, Rosalvo Alexandre me telefonou pela manhã relatando o
ocorrido. Autorizou que eu repasse aos interessados pelas redes sociais. E assim
está sendo feito.
Espero que
esse fato tranquilize os bolsonarianos, e desobrigue-os da montagem de novos
comandos de caça aos comunista.
Aproveito para informar ao Jornalista Xico Sá, que andou procurando por comunistas, em belo artigo no El País. O comunismo acabou em Sergipe! Sobraram meia dúzia de gatos pingados, que por questões de princípios filosóficos, coerência e afetividade continuam profetizando o marxismo. Acho que vão morrer assim!
Aproveito para informar ao Jornalista Xico Sá, que andou procurando por comunistas, em belo artigo no El País. O comunismo acabou em Sergipe! Sobraram meia dúzia de gatos pingados, que por questões de princípios filosóficos, coerência e afetividade continuam profetizando o marxismo. Acho que vão morrer assim!
Antonio
Samarone.
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