Cem anos da gripe espanhola em
Sergipe
Em 20 de outubro de 1918, aportou
em Aracaju o Vapor Itapacy, com seis pessoas infectadas pela gripe espanhola.
Os enfermos foram encaminhados ao Lazareto, para a devida quarentena, dois
morreram. Em 04 de novembro, a gripe tinha se espalhado pelo estado. Foi a nossa
última epidemia, a se manifestar de forma pestilencial.
O Governo em pânico apressou-se em
constituir uma equipe médica, para enfrentar a Peste. Octaviano Melo, diretor
da Saúde Pública, e Pimentel Franco, diretor da Assistência Pública, enviaram
convites para todos os médicos do estado. Aceitaram a convocação os dr. Álvaro
Teles, Berillo Leite, Jessé Fontes, Carlos Menezes, Silva Melo, Alexandre
Freire e Eronides de Carvalho. Rejeitaram a missão Augusto Leite e Helvécio
Andrade, alegando falta de tempo. Pela falta de médicos, o Governo foi obrigado
a comissionar farmacêuticos.
Augusto Leite respondeu desta
forma a convocação da Saúde Pública: “Em resposta ao vosso oficio, cumpre-me
dizer-vos que não é possível acudir o vosso apelo, pois a orientação e distribuição
dos trabalhos impostos, por essa Diretoria, aos profissionais, não se coadunam
com os meus encargos de médico do hospital Santa Izabel e com os meus serviços,
agora redobrados, de clínico nesta capital.”
Como os recursos do Departamento
de Saúde Pública eram insuficientes para enfrentar a Peste de gripe espanhola,
a sociedade mobilizou-se para ajudar. Destacaram-se nesse combate a Loja
Maçônica Cotinguiba, Associação Comercial, Escola Salesiana, Hospital Santa
Izabel, Asilo Rio Branco, as fabricas Sergipe Industrial e Confiança.
Na falta de médicos, o padre Abílio
Mendes montou um posto de atendimento na farmácia de Cesartina Regis, no bairro
Santo Antônio. O estado entrou em pânico com a gravidade da gripe. No início de
1919, em menos de quatro meses, já haviam sido registrados 25.910 casos de
gripe espanhola em Sergipe, com 997 óbitos. As duas cidades mais atingidas
foram Aracaju, com 229 óbitos; e Itabaiana, com 120 óbitos. A gripe espanhola
dizimou a população em Sergipe, com todas as características de uma Peste. Foi
a última.
Antonio Samarone.
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