O mercado das doenças no Brasil (Os Planos de Saúde)
Através de portaria, a Agência Nacional de Saúde (ANS) autorizou aos
Planos de Saúde, ou melhor, aos Planos de Doenças, repassar para aos seus
clientes até 40% das despesas (coparticipação); e a criação de franquias (como
seguro de automóvel). Um presente do Governo Temer as operadoras desses planos;
e uma bomba no colo da classe média. Qual é a realidade da medicina comercial
no Brasil?
Em abril de 2018, esses planos de saúde cobriam 22,7% da população (em
Sergipe 13%), e as despesas em 2017, passaram dos 150 bilhões. É um sistema de venda
procedimentos (exames, consultas, intervenções cirúrgicas, internações, próteses,
etc.). Procedimento é a forma assumida pelo cuidado médico ao se tornar mercadoria.
Em 2017, os planos de saúde venderam 1,7 bilhões de procedimentos.
Em 2030, sem mudar a taxa de cobertura, só com o envelhecimento da
clientela e a variação dos preços médicos hospitalares; as despesas chegarão a
383 bilhões, com 2 bilhões de procedimentos comercializados. Um grande negócio,
mas que pode não ter sustentabilidade. Quem vai pagar essa conta?
Sem contar que esse modelo de consumo de procedimentos e medicamentos,
que movimenta a economia, pouco tem a ver com a saúde da população. Limita-se a
recomposição de funções orgânicas, ao controle de algumas doenças e a solução
de outras. Sempre na esfera individual. O sistema privado de assistência tem
reduzido impacto epidemiológico. No geral, a oferta condiciona o consumo; tendo
como consequência a iatrogenia.
Sei que você está pensando, se a situação da assistência privada,
destinada à classe média, não é boa; imagine para os 78% da população atendidos
pelo SUS. Com sub financiamento, má gestão e recursos limitados pelos próximos
20 anos, o prognóstico do SUS não também é bom. Para complicar, o SUS desistiu
da saúde pública, das ações coletivas e da atenção integral, foi colonizado pela
medicina dos procedimentos.
Antonio Samarone.
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