Itabaiana – A Festa dos Caminhoneiros.
Primeira metade do século XX – Itabaiana centrava-se na agricultura de
subsistência, nos pequenos comerciantes e nos tropeiros. Os burros levavam as
os produtos agrícolas até Roque Mendes, e em Riachuelo, e de lá embarcavam para
Aracaju de Veleiros. Viramos a cidade celeiro, com predominância da vida rural.
A cidade era pobre. As casas em sua maioria eram de rancho. Na cidade moravam
os artesões, com destaque para os alfaiates, sapateiros e ourives. Até hoje o
ouro é forte na cidade. As artes que predominavam: música, fotografia e
historia. Grande peso religioso e cultural da igreja católica.
Segunda metade do século XX - Duas importantes transformações ocorrem
em Itabaiana: a chegada da BR-235 e do Ginásio Murilo Braga. A Estrada permitiu
a expansão do comercio, os talentosos cresceram: esse período produziu Oviedo
Teixeira, Mamede, Pedro Paes Mendonça, Gentil Barbosa, Albino Silva da Fonseca,
entre outros; e a expansão do setor de transportes. Os tropeiros viraram
caminhoneiros. Hoje somos a capital brasileira dos caminhoneiros. Pelo lado do
Ginásio, produzimos doutores, professores, engenheiros, intelectuais que
pensaram Itabaiana e Sergipe. Se
destacaram nas universidades. Foi essa geração que criou a Associação Sergipana
de Peregrinos, a Academia Itabaianense de Letras, entre outras entidades, que semeiam e colhem a cultura na
cidade.
Itabaiana possui três grandes pilares, que unem os Itabaianenses: Santo
Antônio, o Time da Associação Olímpica e os Caminhoneiros. Os dois primeiros
serão analisados em outro momento, vamos ao último. Itabaiana não é a capital
brasileira dos caminhoneiros pelo número per capita de veículos na cidade, não,
isso é um detalhe. A questão é de ordem cultural: o espírito do caminhoneiro
domina a cidade.
Hoje assisti a uma carreata mirim, com a participação de mais de cinco
mil crianças, puxando os seus carrinhos. É a maior do mundo, nesse gênero. Os Itabaianenses
possuem a alma dos caminhoneiros. A coragem, a aventura e o apego ao trabalho. Além
da questão econômica, a alma do caminhoneiro tem face própria, o seu lado
cultural. Os significados e as narrativas sobre esse “espírito de caminhoneiro”
estão sendo socialmente construídos. Parece claro a vinculação com Santo Antônio,
vários carrinhos são decorados com o Santo. Além da intensa participação nas
trezenas, sendo os responsáveis pela organização da última, a do dia 12/06. O
trabalho está apenas começando.
Antônio Samarone.
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