domingo, 7 de abril de 2024

O DR. PLÁCIDO PEDE A PALAVRA.

 

O Dr. Plácido pede a palavra.
(por Antonio Samarone)

O Dr. Plácido me telefonou de Canudos, para discordar do meu texto sobre ele. Foi direto: “você foi superficial e pretensioso!” Ainda me indicou um livro recente de César Benjamin, “Além de Darwin”. No Raso da Catarina, ele compra tudo pela Amazon.

Em meu tempo, disse-me ele, a biologia, ensinada no curso básico, era parte da antiga ciência natural. O conteúdo era botânica, zoologia e corpo Humano. Teoria da evolução, citologia e genética, não se tocava no assunto.

Ainda alcancei!

 
Plácido prosseguiu: em 1859, a biologia deu uma reviravolta, que demorou chegar à escola básica.

Charles Darwin publicou a “Origem das Espécies”; Rudolf Virchow a “Patologia Celular” (“Omnis cellula ex cellula);” Claude Bernard “A propriedade fisiológica e as alterações patológicas dos líquidos dos organismos”; Félix Pouchet “O Tratado da geração espontânea, criando a famosa polêmica com Pasteur.

Plácido citou Benjamin:

“Em 1751, Lineu publicou a sua “philosophia botânica”, descrevendo 4.235 espécies vegetais e animais, admitindo poder chegar a 10 mil. Hoje, se conhece cerca de quatrocentas mil espécies vegetais e um milhão e meio de espécies animais. Cerca de 10 mil novas espécies são identificadas por ano.”

“Carlos Lineu, médico sueco, seguiu a classificação de Aristóteles, que acreditava em espécies imutáveis, criadas por Deus. As espécies eram as, mesma que desceram da Arca de Noé, no Monte Ararat (atual Turquia), depois do dilúvio.

Eu aprendi na Faculdade a medicina das espécies. Conceituada por Foucault, em seu clássico, “O Nascimento da Clínica”, que os colegas médicos ignoram.

A teoria da evolução foi uma revolução intelectual. É chocante afirmar que a fauna, a flora e a própria humanidade resultaram de um processo cego, contingente, pragmático, sem finalidade, sem moralidade, submetido ao acaso e as leis naturais.

É verdade, Galileu tirou o mundo do centro do universo e foi excomungado. Livrou-se, por pouco, da fogueira da inquisição. Darwin foi mais longe, tirou o homem do centro da criação. Somos apenas mais uma espécie, recente e efêmera.

Essa crença de que somos a imagem e semelhança de Deus é uma profunda ilusão.

“Entretanto, o pensamento não é uma propriedade da matéria. Não são apenas sinais elétricos e neurotransmissores. A biologia depois revelou aspectos da vida que não se enquadram apenas em fenômenos físico-químicos. Sem recorrer à metafísica”, acentuou o Dr. Plácido.

O Dr. Plácido prometeu que depois me apresenta as proteínas alostéricas. Fiquei curioso.

Contrariando o senso comum da medicina, “os seres vivos não são máquinas. Os organismos constroem a si; tem mecanismo de preservação e se reproduzem, seguindo um código. Também não são computadores: não há hardware, nem software, nem podem ser ligados e desligados.” - C. Benjamin.

A medicina se perdeu nessa encruzilhada.

Depois, Eu conto o resto da esclarecedora conversa com o Dr. Plácido Canuto e da leitura do livro do Benjamin.

PS – a minha profunda homenagem a Ziraldo.

Antonio Samarone – médico sanitarista.

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