terça-feira, 15 de agosto de 2023

RETORNANDO AO MANUSCRITO DE PEDRO

 Retornando ao manuscrito de Pedro.
(por Antonio Samarone)

Pedro Ferreiro, foi a imagem da beatitude.

O homeopata Átalo Crispins, a maior cultura médica de Sergipe, comentando o meu texto "As virtudes da preguiça", onde revelo a descoberta do manuscrito, diagnosticou:

“Pedro era o que se chama hoje de Autista. Somente conversei com ele uma vez, mas como sou do ramo pois pertenço ao espectro autista, pude perceber logo. Como é um problema na comunicação é visto como doido, ou é psiquiatra!”

Continuando com a resenha do manuscrito de Pedro Ferreiro:

“A crítica, mesmo a mais feroz, se pode contestar. Já o elogio, se engole calado.”

“O Céu nos deu como contrapeso contra os fardos da vida, duas coisas: a esperança e o sono. Eu herdei a insônia e suspeito da esperança, o pior dos males.” Pedro conhecia Voltaire.

Kant acresceu o riso, entre as dádivas divinas.

Viver é perigoso. Pedro sabia que a felicidade está na transcendência. Em seu tempo, a felicidade não era uma aspiração imediata. A felicidade só existia como graça divina.

Somente, na pôs modernidade, a felicidade se transformou em feijão de feira, em aspiração universal. A felicidade como bem-estar, consumo, segurança e conforto.

Uma felicidade hedonista!

Entretanto, a sociedade pós-moderna, do desempenho e do cansaço, sequestrou o tempo. Atrelou o tempo apenas a produtividade do capital. Espalhou a insônia, a depressão, o Burnout e o suicídio. A psiquiatria transformou esse mal-estar em transtorno, e ofereceu um saída química.

Voltando ao manuscrito:

“O tempo foi uma criação do demiurgo, como a imagem móvel da eternidade.” Está escrito em um canto da página 11, do caderno.

O humanismo é a substituição de Deus pelo homem. Uma ilusão do iluminismo, que prometeu o progresso. Não poderia dar certo! O iluminismo estabeleceu que somente a ciência produz verdades. A pós-modernidade, como vingança, inventou a pós-verdade.

O fascismo é uma reação desesperada ao ressentimento, uma tentativa de comandar o mundo pela violência. O socialismo é uma reação romântica. Acredita, que o humanismo pode criar o paraíso na terra.

A futura guerra entre as potências econômicas (EUA X China), que se aproxima, será o último ato da modernidade. O que restará desse apocalipse tecnológico? O sapiens historicamente, superou as grandes crises.

A primeira edição de “Assim falou Zaratustra”, foi de apenas sete livros. Nietzsche acreditava que somente sete pessoas poderiam entender a sua mensagem. Depois descobriu, quem nem os sete entenderam.

Pelo pouco que entendi, Nietzsche acreditava que após a morte de Deus, o homem só teria dois caminhos: ou se tornar um super-homem ou ser o último homem. O que ele não previu é que o super-homem é o último homem".

“O homem é uma invenção recente, cujo fim pode estar próximo.” – Foucault.

Antonio Samarone (médico sanitarista).

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