As redes sociais são o ópio do
povo? (por Antônio Samarone)
Não existem dúvidas: a vida
desandou! O fundo do poço sempre pode ser aprofundado. A indignação nas redes
sociais não gera uma narrativa consistente, nem leva a ações.
A sociedade do espetáculo criou a
sociedade do escândalo, isso mesmo, ondas de escândalos se sucedem como numa
série cinematográfica. Ondas de indignação são eficientes para mobilizações
efêmeras.
O que está acontecendo?
Não se trata de uma dificuldade
conjuntural, uma crise, um momento de dificuldade. Voltei aos clássicos, reli grundrisse,
memórias do cárcere, história e consciência de classe, o que fazer, nada,
nenhuma luz, eles falam de outra realidade.
Encontrei uma análise razoável
lendo Byung-Chul, um filosofo sul coreano. Não se assustem, as referências são
outras. Veja o que diz o novo guru:
A indignação digital é estéril,
um estado afetivo, uma raiva que não visa o bem comum. A massa de indignação
nas redes sociais não gera futuro, não produz movimentos consistentes. A
indignação digital é parte da desagregação social em que vivemos.
A primeira grande narrativa
ocidental, a Ilíada, é uma canto de cólera, relata e sustenta as ações
heroicas. A indignação digital é raiva, impotência, um estado afetivo que não
leva a nada. A indignação digital não é cantável.
O enxame digital não tem alma de
massa, são indivíduos singularizados, não desenvolve o nós. O exame digital não
se externa como uma voz, ele é só barulho. O homo digitalis é um aglomerado sem
alma, sem espírito, uma massa isolada diante das telas. As mídias digitais
singularizam o homem.
As massas tradicionais tinham
poder, objetivos estáveis, marchavam numa direção. As massas digitais são
efêmeras, enxames digitais, dissolvem-se rapidamente, não criam energia
política.
A globalização criou multidões, ajuntamentos
de singularidades que se comunicam através de redes sociais. Essa multidão de
solitários é subproduto da capitalismo financeiro, do novo espírito. A pós
modernidade criou uma sociedade quem nem é de produção nem de consumo, uma
sociedade da pós verdade.
A solidariedade desapareceu, o
amor ao próximo perdeu o sentido. A privatização avançou até a alma. O sujeito
do desempenho explora a si mesmo até ruir. Ele desenvolve uma auto
agressividade que não raramente desemboca no suicídio.
A enxurrada de informações
efêmeras leva a indiferença, agudiza a fadiga mental. O TDHI (déficit de
atenção) não é uma doença, mas um mecanismo de defesa. Um fuga do precipício,
uma recusa à corrida do desempenho, uma tentativa de retorno ao essencial.
Mídias narcisistas (Facebook, Twitter),
sobrecarregam a auto referência, base dos processos depressivos. O tempo é
desmontado numa sucessão de presentes disponíveis. É o fim do futuro, da
esperança, do sonho e da expectativa. Não esperamos mais nada.
Em síntese, segundo o sul coreano,
as redes sociais além de não ajudarem, atrapalham. São partes da dominação, da
criação de um novo consenso, de uma nova sociedade, onde o único valor é o
econômico. Tudo vira mercadoria.
Antônio Samarone.
Samarone, bom dia!!! Corroboro com seu pensamento, estamos sucumbindo em meio as redes sociais, e quem pensa de forma diferente (não adere 100% a esse mal) é taxado de ANTIQUADO!!! Onde vamos parar???
ResponderExcluirDesculpa Samarone, não me identifiquei, falta de traquejo com a modernidade avançada, meu nome é Ricardo!!!
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