Gente Sergipana (memória) – Zé Bigodinho
(por Antônio Samarone)
José Alves dos Santos (Zé
Bigodinho), descendente dos ferreiros. Nascido em 01 de março de 1918, na
Matapoã. Filho de Claro Alves dos Santos e Dona Francisca Bernardina de Jesus. Casado
com Maria Irene Oliveira, filha de Manoel Antônio de Oliveira (Manoel da
salgadeira) e Maria Leobina de Oliveira, gente do povoado Porto, bem próximo ao
matadouro.
Zé Bigodinho, era agricultor e
pequeno comerciante (bodegueiro). Nas horas vagas, trabalhava como alfaiate. Foi
inspetor de alunos no Murilo Braga. No seu "ponto" comercial, esquina
da Praça Santa Cruz, vendia-se bilhetes da loteria federal, e dos estados de Minas
Gerais e Pernambuco.
Foi na casa lotérica de Zé
Bigodinho que Antônio Fernandes de João do Volta tirou primeiro prêmio na
Federal, com o bilhete 24.979, caso único em Itabaiana. Ganhou uma fortuna!
Comprou um relógio de ouro e um Simca Chambord novo, de duas cores, em Recife.
Foi uma novidade em Itabaiana.
Zé Bigodinho era girento, mexia
com tudo. Foi agente da Sul América Capitalização e da INTERCAP (companhia
internacional de capitalização).
O que ficou em minha lembrança, foi
Zé Bigodinho na frente das procissões, com o sobretudo verde, sem mangas,
carregando as insígnias da Irmandade das Santas Almas de Itabaiana, de onde ele
era o eterno tesoureiro.
Para se ter o sagrado direito de
um sepultamento no Cemitério de Santo Antônio, passava-se pela liberação de Zé
Bigodinho. Os meus 4 irmãos que morreram ainda anjos, mamãe conseguiu enterrar
no Campo Santo.
Controlar o cemitério e sair na
frente das procissões, com aquela tradicional indumentária da Irmandade das
almas, fazia de Zé Bigodinho um homem importante, aos meus olhos. Quando podia,
ainda me gabava: é meu parente.
Faleceu novo, em 12 de julho de
1972, aos 54 anos. Deixando nove filhos: Maria, José Oliveira (o que queria ser
padre), personalidade renomada na justiça pernambucana; Agdo (o popular Maceta),
Libória, Milton (meu colega de turma), Teresinha, Jackson (o filosofo),
Maristela e Alda Oliveira Santos.
Os tempos mudaram. Zé Bigodinho
morreu novo, aos 54 anos. Mas a imagem em minha memória é de um velhinho, baixo,
sério, importante, sentado em seu pequeno estabelecimento, vendendo aqueles bilhetes
compridos da loteria federal.
Antônio Samarone.
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