segunda-feira, 22 de abril de 2019

GENTE SERGIPANA - ZÉ BIGODINHO



Gente Sergipana (memória) – Zé Bigodinho (por Antônio Samarone)

José Alves dos Santos (Zé Bigodinho), descendente dos ferreiros. Nascido em 01 de março de 1918, na Matapoã. Filho de Claro Alves dos Santos e Dona Francisca Bernardina de Jesus. Casado com Maria Irene Oliveira, filha de Manoel Antônio de Oliveira (Manoel da salgadeira) e Maria Leobina de Oliveira, gente do povoado Porto, bem próximo ao matadouro.

Zé Bigodinho, era agricultor e pequeno comerciante (bodegueiro). Nas horas vagas, trabalhava como alfaiate. Foi inspetor de alunos no Murilo Braga. No seu "ponto" comercial, esquina da Praça Santa Cruz, vendia-se bilhetes da loteria federal, e dos estados de Minas Gerais e Pernambuco.

Foi na casa lotérica de Zé Bigodinho que Antônio Fernandes de João do Volta tirou primeiro prêmio na Federal, com o bilhete 24.979, caso único em Itabaiana. Ganhou uma fortuna! Comprou um relógio de ouro e um Simca Chambord novo, de duas cores, em Recife. Foi uma novidade em Itabaiana.

Zé Bigodinho era girento, mexia com tudo. Foi agente da Sul América Capitalização e da INTERCAP (companhia internacional de capitalização).

O que ficou em minha lembrança, foi Zé Bigodinho na frente das procissões, com o sobretudo verde, sem mangas, carregando as insígnias da Irmandade das Santas Almas de Itabaiana, de onde ele era o eterno tesoureiro.

Para se ter o sagrado direito de um sepultamento no Cemitério de Santo Antônio, passava-se pela liberação de Zé Bigodinho. Os meus 4 irmãos que morreram ainda anjos, mamãe conseguiu enterrar no Campo Santo.

Controlar o cemitério e sair na frente das procissões, com aquela tradicional indumentária da Irmandade das almas, fazia de Zé Bigodinho um homem importante, aos meus olhos. Quando podia, ainda me gabava: é meu parente.

Faleceu novo, em 12 de julho de 1972, aos 54 anos. Deixando nove filhos: Maria, José Oliveira (o que queria ser padre), personalidade renomada na justiça pernambucana; Agdo (o popular Maceta), Libória, Milton (meu colega de turma), Teresinha, Jackson (o filosofo), Maristela e Alda Oliveira Santos.

Os tempos mudaram. Zé Bigodinho morreu novo, aos 54 anos. Mas a imagem em minha memória é de um velhinho, baixo, sério, importante, sentado em seu pequeno estabelecimento, vendendo aqueles bilhetes compridos da loteria federal.  

Antônio Samarone.

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