Os Retratos da Insanidade... (Por
Antônio Samarone)
Dr. Hugh Welch Diamond (1809 –
1886). Psiquiatra e um dos primeiros fotógrafos britânicos. Diretor do
Departamento Feminino no Surrey County Asylum. Ele fez uma série de retratos de
seus pacientes pelos quais agora é famoso. Os retratos eram para o trabalho
dele em fisionomia, uma ciência baseada em “a avaliação do caráter de uma
pessoa ou personalidade de sua aparência exterior, especialmente a face.”
O Dr. Diamond acreditava firmemente
em sua capacidade de decifrar a doença de um paciente com base em sua aparência
facial, que essas fotos deveriam ilustrar o seu artigo de 1856: "Sobre a aplicação da fotografia aos
fenômenos fisionômicos e mentais da insanidade".
O Dr. Diamond postulou que os
retratos dos seus pacientes poderiam ser usados para registrar a aparência de
pacientes insanos, a fim de usá-los para comparação e diagnóstico para futuros
pacientes; para identificar o paciente na readmissão; e para mostrar aos
pacientes o que eles mesmos pareciam, uma visão realista de si mesmos em vez de
distorcida em suas mentes e, portanto, ajudar a tratar sua doença mental.
No século XIX, o semblante (semblant)
era visto como uma janela para o inconsciente. Os olhos são o espelho da alma, no
dizer do senso comum. Essa corrente foi desacreditada pela proximidade com a
frenologia, teoria que reivindicava ser capaz de determinar o caráter,
características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça.
Desenvolvida por médico alemão Franz Joseph Gall.
Hoje se sabe que havia um exagero
determinista, influência racista e contaminação eugênica nessa pretensão. A fotografia
não possuía essa capacidade diagnóstica defendida pelo Dr. Diamond.
Contudo, o retrato inesperado, quando
capta o semblante sem a proteção do persona (máscara de ator), quando pega a pessoa
distraída, sem saber que está sendo fotografada, revela muito de suas tendências.
Mostra aparências que o próprio fotografado desconhecia. Prestem a atenção.
Antônio Samarone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário