O caixão de cobras de Batatinha.
Um figura poderosa rondava os sertões de Sergipe: o curador
de cobras. Eu conheci Batatinha, baixinho, gordo, com a cara de enrolado e misterioso.
Se dizia irmão de Zé Bezerra do circo. Batatinha sempre aparecia com o seu
caixão de cobras. Tinha a fama de ser um bom curador, tanto de pessoas, como de
propriedades. Se batatinha fizesse o seu ritual em qualquer fazenda, as cobras
fugiriam. Nunca soube para onde iam, mas eu acreditava. Os descrentes diziam que
no caixão só tinha cobras sem venenos: caninana, sucuri, falsa coral e jiboia
pequena.
Se alguém fosse mordido, por jararaca, cascavel, coral, ou
outras víboras, Batatinha fazia pequenas escoriações, e sugava a peçonha. Depois
prescrevia fortes evacuantes: o jaborandi como sudorífico e a ipeca como
vomitivo. Se dizia, que se o caboclo não morresse em três dias, estava salvo.
Na verdade, Batatinha vivia das tradições, a eficácia dos seus rituais era
nula. Mas pajé já nasce pajé, e ele gozava de credibilidade.
Depois de crescido, fiquei sabendo que Vital Brazil (foto), já
em 1894, tinha criado o soro antiofídico, contra os venenos das cobras
brasileiras. O soro é único recurso eficaz contra as picadas dos bichos
peçonhentos. Ele descobriu ainda que o soro deve ser específico para cada
cobra. Em 1917, o mineiro Vital Brazil, doou a patente da sua descoberta ao
governo brasileiro. Quando conheci Vital Brazil, troquei de herói.
Antonio Samarone.
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