sexta-feira, 11 de maio de 2018

O CAIXÃO DE COBRAS DE BATATINHA.



O caixão de cobras de Batatinha.

Um figura poderosa rondava os sertões de Sergipe: o curador de cobras. Eu conheci Batatinha, baixinho, gordo, com a cara de enrolado e misterioso. Se dizia irmão de Zé Bezerra do circo. Batatinha sempre aparecia com o seu caixão de cobras. Tinha a fama de ser um bom curador, tanto de pessoas, como de propriedades. Se batatinha fizesse o seu ritual em qualquer fazenda, as cobras fugiriam. Nunca soube para onde iam, mas eu acreditava. Os descrentes diziam que no caixão só tinha cobras sem venenos: caninana, sucuri, falsa coral e jiboia pequena.

Se alguém fosse mordido, por jararaca, cascavel, coral, ou outras víboras, Batatinha fazia pequenas escoriações, e sugava a peçonha. Depois prescrevia fortes evacuantes: o jaborandi como sudorífico e a ipeca como vomitivo. Se dizia, que se o caboclo não morresse em três dias, estava salvo. Na verdade, Batatinha vivia das tradições, a eficácia dos seus rituais era nula. Mas pajé já nasce pajé, e ele gozava de credibilidade.

Depois de crescido, fiquei sabendo que Vital Brazil (foto), já em 1894, tinha criado o soro antiofídico, contra os venenos das cobras brasileiras. O soro é único recurso eficaz contra as picadas dos bichos peçonhentos. Ele descobriu ainda que o soro deve ser específico para cada cobra. Em 1917, o mineiro Vital Brazil, doou a patente da sua descoberta ao governo brasileiro. Quando conheci Vital Brazil, troquei de herói.
Antonio Samarone.

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