quinta-feira, 3 de maio de 2018

A MORTE DO FERREIRO (MEU BISAVÔ)



A morte do ferreiro (meu bisavô)...

Numa terça-feira nublada, 17 de agosto de 1926, o velho ferreiro Bernardino Francisco de Oliveira, viúvo de dois casamentos (Maria Rosa de Jesus e Maria Wenceslau do Sacramento), 68 anos, pai de imensa prole (Felismina, Antonio Francisco (Totonho), Francisco Antônio, Selvina, Ana, Neves, Josefa e Maria (Lília), Agnelo, Maria (Neném) e Firmina); largou-se da Sambaíba, em Itabaiana, para comprar ferro em Maruim, matéria prima da sua secular profissão.

Já chegando ao destino, por volta das 9:40 da manhã, no povoado Caititu, entre Riachuelo e Maruim, KM 337 da ferrovia, o burro em que Bernardinho ia montado, assustou-se com o trem de passageiros nº 72, da “Companhia Ferro-Viária Éste Brasileiro”, que vinha de Propriá com destino a Aracaju. O trem era conduzido por um maquinista experiente, Caetano Antônio de Jesus, que ao avistar a aflição, danou-se a apitar e puxar o freio de emergência.

A tragédia se anunciava, o velho Bernardino não conseguiu tirar a sua montaria da linha do trem, o animal agitado não obedecia às rédeas; o maquinista impotente, o local era uma curva em declive, próxima a um pontilhão. Tudo muito rápido. A verdade é que o velho ferreiro não saltou do burro, talvez o amor ao animal, um burro castanho de estimação, empurrou os dois para o mesmo destino.
Em frações de minutos o ferreiro e o animal estavam esmagados sob peso da locomotiva. 

A massa ensanguentada, irreconhecível, foi recolhida com a pá de carvão, e colocada num saco, depositada num salão de chão batido, do imóvel que servia de parada do trem em Caititu. Ao final da tarde, os corpos foram transportados para o Departamento de Assistência Pública, na rua de Boquim, em Aracaju, para serem periciados.

Os Drs. Carlos Moraes de Menezes e Mário de Macedo Costa, levaram mais tempo para separar as partes do ferreiro, que para a devida necropsia. O estado de mutilação do corpo de Bernardino chocou a província. A emissão do laudo pericial foi acompanhada pelo Senhor Doutor Chefe de Polícia do Estado, Álvaro Fontes da Silva (é como está no laudo cadavérico). Bernadino Francisco de Oliveira nasceu em 11 de maio de 1858, e faleceu em 17 de agosto de 1926. Está sepultado no cemitério Santa Izabel, em Aracaju.
Antonio Samarone.

Um comentário:

  1. Oi Antonio, estou realizando pesquisas genealogicas de minha família e gostaria de saber mais a respeito dessa matéria sobre o Sr. Bernardino. Poderia contatar-me? lucaspasqual@adv.oabsp.org.br

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