A morte do ferreiro (meu bisavô)...
Numa terça-feira nublada, 17 de agosto de 1926, o velho
ferreiro Bernardino Francisco de Oliveira, viúvo de dois casamentos (Maria Rosa
de Jesus e Maria Wenceslau do Sacramento), 68 anos, pai de imensa prole (Felismina,
Antonio Francisco (Totonho), Francisco Antônio, Selvina, Ana, Neves, Josefa e
Maria (Lília), Agnelo, Maria (Neném) e Firmina); largou-se da Sambaíba, em
Itabaiana, para comprar ferro em Maruim, matéria prima da sua secular profissão.
Já chegando ao destino, por volta das 9:40 da manhã, no
povoado Caititu, entre Riachuelo e Maruim, KM 337 da ferrovia, o burro em que
Bernardinho ia montado, assustou-se com o trem de passageiros nº 72, da “Companhia
Ferro-Viária Éste Brasileiro”, que vinha de Propriá com destino a Aracaju. O
trem era conduzido por um maquinista experiente, Caetano Antônio de Jesus, que
ao avistar a aflição, danou-se a apitar e puxar o freio de emergência.
A tragédia se anunciava, o velho Bernardino não conseguiu
tirar a sua montaria da linha do trem, o animal agitado não obedecia às rédeas;
o maquinista impotente, o local era uma curva em declive, próxima a um
pontilhão. Tudo muito rápido. A verdade é que o velho ferreiro não saltou do
burro, talvez o amor ao animal, um burro castanho de estimação, empurrou os
dois para o mesmo destino.
Em frações de minutos o ferreiro e o animal estavam esmagados
sob peso da locomotiva.
A massa ensanguentada, irreconhecível, foi recolhida
com a pá de carvão, e colocada num saco, depositada num salão de chão batido,
do imóvel que servia de parada do trem em Caititu. Ao final da tarde, os corpos
foram transportados para o Departamento de Assistência Pública, na rua de
Boquim, em Aracaju, para serem periciados.
Antonio Samarone.
Oi Antonio, estou realizando pesquisas genealogicas de minha família e gostaria de saber mais a respeito dessa matéria sobre o Sr. Bernardino. Poderia contatar-me? lucaspasqual@adv.oabsp.org.br
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