terça-feira, 22 de maio de 2018

COMO MORREM OS MÉDICOS



Como morrem os médicos?

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) publicou um estudo (2012) sobre a mortalidade dos médicos em São Paulo, entre 2.000 e 2.009. Entre os 2.927 óbitos no período, chama a atenção a distribuição por raças: 94,08% eram brancos, 3,49% amarelos, 1,66% pardos, 0,7% negros e 00,7% índios. A desigualdade racial é afrontosa.

Um dado assustador é o elevado índice de suicídio entre os médicos, dez vezes maior que no conjunto da população. Uma taxa de suicídio de 3,5 para cada 10 mil médicos; enquanto na população geral é de 3,8 para cada cem mil habitantes. A elevada taxa de suicídio é um dado mundial, na Inglaterra, as principais causas de morte entre os médicos são suicídios, cirrose hepática e acidentes. Em São Paulo, a mortalidade por cirrose é baixa entre os médicos. O trabalho estressante, depressão, uso de substâncias psicoativas e síndrome de Burnout são apontados pelo estudo como responsáveis pelos suicídios.

O estudo do CREMESP revela outro dado que merece discussão: as médicas morrem mais cedo que os médicos e tem como causa principal de óbitos as neoplasias. As médicas morreram em média com 59,2 anos; e os médicos com 69,1 anos, ou seja, contrariando os dados gerais no mundo, onde a vida média das mulheres é bem superior à dos homens. No estudo, 34,9% das médicas em São Paulo morreram de câncer, quase o dobro da mortalidade por câncer no Brasil. Esses dados necessitam de um aprofundamento estatístico, as amostras por sexo não são equivalentes no estudo, mesmo assim, o fato precisa ser colocado em pauta.

Por fim, o estudo demonstra que os médicos não vivenciam o modo de vida saudável que prescrevem para os seus pacientes. Casa de ferreiro, espeto de pau.
Antonio Samarone.

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