Como morrem os médicos?
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP)
publicou um estudo (2012) sobre a mortalidade dos médicos em São Paulo, entre
2.000 e 2.009. Entre os 2.927 óbitos no período, chama a atenção a distribuição
por raças: 94,08% eram brancos, 3,49% amarelos, 1,66% pardos, 0,7% negros e
00,7% índios. A desigualdade racial é afrontosa.
Um dado assustador é o elevado índice de suicídio entre os médicos,
dez vezes maior que no conjunto da população. Uma taxa de suicídio de 3,5 para
cada 10 mil médicos; enquanto na população geral é de 3,8 para cada cem mil
habitantes. A elevada taxa de suicídio é um dado mundial, na Inglaterra, as
principais causas de morte entre os médicos são suicídios, cirrose hepática e
acidentes. Em São Paulo, a mortalidade por cirrose é baixa entre os médicos. O
trabalho estressante, depressão, uso de substâncias psicoativas e síndrome de Burnout
são apontados pelo estudo como responsáveis pelos suicídios.
O estudo do CREMESP revela outro dado que merece discussão:
as médicas morrem mais cedo que os médicos e tem como causa principal de óbitos
as neoplasias. As médicas morreram em média com 59,2 anos; e os médicos com
69,1 anos, ou seja, contrariando os dados gerais no mundo, onde a vida média
das mulheres é bem superior à dos homens. No estudo, 34,9% das médicas em São Paulo
morreram de câncer, quase o dobro da mortalidade por câncer no Brasil. Esses
dados necessitam de um aprofundamento estatístico, as amostras por sexo não são
equivalentes no estudo, mesmo assim, o fato precisa ser colocado em pauta.
Por fim, o estudo demonstra que os médicos não vivenciam o
modo de vida saudável que prescrevem para os seus pacientes. Casa de ferreiro,
espeto de pau.
Antonio Samarone.
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