domingo, 24 de fevereiro de 2019

CARNAVAL DE RUA DO ARACAJU




O Carnaval de rua do Aracaju. (por Antonio Samarone)
O Carnaval brasileiro nasceu do entrudo português. Uma festa popular nos três dias que antecedem a quaresma, onde se lançava água de cheiro e farinha do reino uns nos outros. A festa da cabacinha em Japaratuba é uma reminiscência desses carnavais.
No Brasil foi assim até a gripe espanhola de 1917. Depois virou uma festa pagã, imitando as saturnálias romanas, onde a transgressão, a esbornia e a orgia reinavam livremente. Até a quarta-feira de cinzas ninguém era de ninguém, era um liberou geral. Os religiosos entravam em penitência e orações, para contrabalancear os pecados da folia. Em Aracaju voltamos ao entrudo.
O chamado carnaval de rua, os blocos independentes imperam pelo Brasil afora. Um carnaval fora da parceria rede globo/bicheiros. Em Aracaju também existe carnaval de rua, e de uma certa forma original. Um carnaval bem-comportado. Ninguém mijando nos postes (filas nos banheiros químicos); nem jogando latinhas.
Fui ao desfile do tradicional bloco “Eu só se fico, se você não só se for”. Uma turma amiga. Tudo na maior ordem. Todo mundo sóbrio, ou quase sóbrio. Nada de lascívia, devassidão, licenciosidade, voluptuosidade. Nada! Não enxerguei nenhum libertino, tão comuns em outros carnavais.
Não vi passistas de frevo, nem sambistas. Todos andavam compassadamente, numa folia contida. A alegria se expressava pelo movimento dos braços, com o indicador apontado para o alto (Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô). Poucas fantasias, um ou outro com um cocar de penas artificiais e outros com orelhinhas de coelho. Nenhum mascarado. Nem confetes, nem serpentinas. Só as crianças apertando spray com espuma de plástico.
Gostei das músicas: o centenário frevo de Olinda. Lembrei-me dos carnavais do Clube do Trabalhador, em Itabaiana, onde só tocava músicas de Capiba. Antes houve um esquenta, com o “burundanga”, grupo de gente entusiasmada, comandado pelo maestro Pedrinho Mendonça.
Almir Santana não apareceu distribuindo camisinha. Fez bem, talvez não tivesse mesmo serventia.
Antonio Samarone.

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