Vamos empurrar com a barriga... (Por Antonio Samarone)
Encontrei um velho cacique da
política sergipana, na festa de lançamento da biografia de Wellington
Mangueira. Sem assunto, perguntei-lhe por formalidade: o que o senhor espera do
futuro governo de Belivaldo? Ele foi sucinto: o estado está falido, vamos
continuar empurrando com a barriga. Fiquei com isso na cabeça...
Os indicadores socioeconômicos
são evidentes: Sergipe caiu no atoleiro. Perdemos o rumo nos últimos dez anos.
Vivemos de improvisos. Nenhum diagnóstico consistente, nem um projeto, nenhuma
ideia. Qual o nosso destino econômico, qual a nossa vocação desenvolvimentista?
Apostar que a nossa saída é
produção de energia suja, poluidora, não sustentável, é apostar no atraso. Receber
empreendimentos rejeitados, não é a solução. O mundo anda em outra direção.
A chegada da Petrobrás na década
de 1960, e de outras estatais dos minérios, impulsionaram o desenvolvimento de
Sergipe por 40 anos. Aracaju cresceu junto. Essa fase acabou, é só prestar a
atenção ao que diz Paulo Guedes, futuro super ministro de Bolsonaro.
Estamos saindo de uma disputa
política onde nenhum candidato apresentou propostas consistentes para o
desenvolvimento de Sergipe. Existe um deserto de ideias, reina a indigência
intelectual. Só generalidades, frases feitas, lugares comuns, marketing e
lorotas. Só falta alguém dizer que o mercado resolve, e que o estado, o poder
público perdeu o protagonismo.
Eu até concordo que o estado está
falido. Sergipe é um bom exemplo, de que o estado perdeu a condição de investidor. Mas continua com o papel dirigente, de prover a infraestrutura, de cuidar do
ensino, de apontar caminhos. Sem um rumo, sem a uma definição de prioridades,
objetivos e metas, para onde vamos? Precisamos de estadistas, que pensem no
futuro. O estado virou uma máquina voltada para a manutenção no poder dos seus
ocupantes.
A sucessão de 2022 em Sergipe, já
começou. O debate já é público. Mas é um debate pessoal: fulano é forte,
beltrano também. Claro, as pretensões são legítimas, mas insuficientes. Sergipe
precisa que os pleiteantes apresentem propostas, projetos de desenvolvimento
para o estado. Informar a sociedade por que pretendem governar o estado.
O curioso é que o novo mandato de
Belivaldo ainda nem começou, mas já é visto como cumprido. Nos próximos 4 anos
basta que Belivaldo cumpra a tabela, deixe o tempo passar. Faça o feijão com
arroz. Se conseguir pagar os vencimentos dos funcionários já está bom. A
sociedade perdeu a esperança, ninguém cobra nada. A única questão que importa é,
se ele será ou não candidato ao Senado, e se a vice assumindo, será ou não
candidata ao governo. Os mais realistas já se conformaram: Sergipe não tem mais
jeito!
Vamos continuar empurrando com a
barriga?
Antonio Samarone.
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