As
maternidades de Aracaju (ou oito ou oitenta).
Em
junho de 2012, o prefeito Edvaldo Nogueira enviou uma proposta ao governo
federal no valor de R$ 15.600.000,00, para construção de uma maternidade no
bairro 17 de Março. Em 26 de dezembro de 2012 o convênio foi assinado. Em
dezembro de 2015, a prefeitura recebeu a primeira parcela de R$ 1.160.000,00. A
administração de João Alves iniciou as obras através da Empresa HECA, chegou a
concluir as fundações, e não sei porque as coisas não andaram. Dinheiro público
já foi enterrado nessa maternidade.
Em
janeiro desse ano, voltando Edvaldo, a ideia de recomeçar a construção da
maternidade municipal ressuscitou. Seria uma maternidade com 50 leitos e uma Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), com 25 leitos. A maternidade do município
teria a capacidade de realizar 500 partos por mês. Em Aracaju realizam-se mil
partos por mês de risco habitual e só temos uma maternidade, a Santa Isabel. A
nova maternidade iria portanto dividir a demanda. O discurso está correto e foi
promessa de campanha.
Só que Zé Almeida
apareceu com uma novidade. Começou a reformar e anunciou que vai reabrir em
setembro mais uma maternidade estadual em Aracaju, a Hildete Falcão Batista,
com 62 leitos, para realização de partos com risco habitual. Aracaju possui outra
maternidade estadual, a Nossa Senhora de Lourdes, só que destinada a partos de
alto risco. A nova Hildete Falcão terá
35 leitos de internação, quatro para a ala cirúrgica, um para o isolamento e
sete para o pré-parto. Serão instalados ainda dez novos leitos de UTI
neonatal (Utin) e cinco leitos de Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais
(Ucin), ocupando o mesmo espaço que a finada maternidade do município deveria
ocupar.
Você pode estar perguntando: qual seria o
problema de Aracaju receber duas novas maternidades? Com a demanda de mil
partos mensais, que hoje se vira com a maternidade do Santa Izabel, passaremos
a ter mais duas maternidades, uma do município e outra do estado. Ocorre, que os
recursos repassados pelo Ministério da Saúde para o custeio da assistência ao
parto não vão aumentar um centavo porque resolveram abrir mais duas
maternidades. Recursos para investimento em construção, reforma e compra de
equipamentos sempre aparecem, uma emenda parlamentar aqui outra acolá; mas os recursos
para o custeio estão congelados por vinte anos (PEC do teto). O estado e o
município já andam com a corda no pescoço. Os recursos próprios destinados à
saúde são quase na sua totalidade aplicados no pagamento da folha de
funcionários. A pergunta é óbvia: sem previsão de recursos novos para o custeio,
existe alguma possibilidade dessas duas maternidades públicas funcionarem
decentemente?
PS: para complicar a análise, fui informado que o Hospital Universitário da UFS, em Aracaju, também está iniciando a construção de uma maternidade com 117 leitos. O fim do planejamento!
PS: para complicar a análise, fui informado que o Hospital Universitário da UFS, em Aracaju, também está iniciando a construção de uma maternidade com 117 leitos. O fim do planejamento!
Antônio Samarone.
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