O Liberalismo em Sergipe. (por Antônio
Samarone)
A novidade da última eleição foi
o surgimento de um eleitorado de direita, na verdade, de extrema direita. Uma das
características desse eleitorado é a pouca experiencia na política. São
ideologicamente noviços. Gente alheia as lides políticas. Sempre tiveram os seus
interesses garantidos, sem precisar envolver-se nas disputas.
Surgiu uma militância de direita,
visível nas redes sociais e em manifestações de rua. Como consequência, surgiram
outros líderes no campo conservador. Políticos defendendo teses, doutrinas,
professando ideologias, pregando o novo. Antes, a força da direita tradicional estava no
poder econômico, no prestígio familiar e pessoal e nas estruturas de poder (na máquina).
Os novos líderes precisaram acrescentar um discurso ideológico.
Em Sergipe, um dos novos, é um médio
empresário que entrou na política com um discurso econômico liberal, muitos
dados na cabeça, boa capacidade de comunicação e a certeza de que ele é o verdadeiro
novo. Ele parece acreditar no que prega e se acha a solução. O mundo
empresarial de Aracaju está encantado.
O que prega o novo líder
liberal?
São ideias simplificadas do liberalismo
econômico, da crença na mão invisível do mercado, no estado mínimo, no darwinismo
social, e na gestão empresarial do que sobrar do público. Ele repete por onde anda,
como se fosse uma verdade bíblica: - “não existe almoço grátis”! Nada de políticas
sociais como direito, equânimes, universais e gratuitas. Quem paga essa conta,
ele pergunta!
A tese é reduzir os impostos,
entregar saúde, educação, meio-ambiente, abastecimento, mobilidade, habitação e
saneamento ao mercado. A solução é o livre mercado, a privatização! Quem quiser
ter acesso a assistência médica que procure os planos de saúde. Aqui ele dá um
exemplo: “o SUS é municipalizado, mas a prefeitura fez um plano de saúde, no
IPES, para os seus funcionários. Ou seja, mesmo quem presta o serviço público
não quer usá-lo.”
A questão parece simples,
transformar a prefeitura numa grande empresa gerida com a lógica do mercado. Uma
gestão moderna e inteligente. Diz o novo líder: “é mais barato conceder um
bolsa de estudos aos meninos pobres para que eles se matriculem numa escola
particular, do que manter uma onerosa rede municipal de ensino.”
Do mesmo modo, continua o novo
líder, torna-se mais em conta contratar um plano de saúde para os necessitados,
do que manter uma rede pública de assistência médica. “O poder público pode até continuar
com as vacinas, matando mosquito, distribuindo camisinha, cuidando da tuberculose
e da lepra, pois não acredito que essas atividades interessem a livre
iniciativa”.
“Está na hora da indústria da construção
civil assumir diretamente o comando da política de habitação e urbanismo da
cidade, sem intermediários, sem melindres.” O que é bom para a cidade? A resposta
é técnica, afirma o novo líder.
O novo líder liberal adverte: “sou
um liberal na economia, não confundir com liberal nos costumes!”
Quando se pergunta onde essa
gestão empresarial da vida pública deu certo, e o que fazer com quem não pode
pagar o tal almoço, as respostas não são claras.
O discurso é que a política é
nociva, passível de corrupção e demagógica. A nova política não é política,
entenderam? A definição de prioridades é tarefa dos técnicos, de quem entende. Por
exemplo: a escola que queremos é a “sem partidos”, afirma ele de boca cheia.
Os analistas políticos em Aracaju
o apontam como candidato à prefeitura, por um partido novo, com essa nova
política.
O desempenho do novo líder não
passou despercebido em Brasília. Existem rumores que ele em breve ocupará um
cargo federal em Sergipe, indicado pelo novo governo Bolsonaro. Uma questão de
justiça!
Antônio Samarone.
Bom saber que o liberalismo econômico está na "boca do povo", inclusive da esquerda.
ResponderExcluirO texto - pra variar - está distorcido visando, de certa forma, desqualificar a real solução para nosso país, tão maltratado pelos populistas.
Mas é bom ver que entramos na linha de frente.
A proposito, a imagem não nada a ver com a matéria
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