A Indústria da Carne e a Saúde
Pública. (por Antônio Samarone)
Ao longo da história a humanidade
domesticou trinta espécies de gado e criou uma incrível variedade de raças. A
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já documentou
cerca de oito mil raças.
Por outro lado, a produção
industrial intensiva desenvolveu algumas raças, geneticamente modificadas,
visando maximizar a produção e as características úteis do ponto de vista
comercial, como o crescimento rápido, o aproveitamento eficiente da forragem e
o maior rendimento.
O resultado dessa estratégia:
raças de alto desempenho geneticamente padronizadas, que demandam forragens
ricas em proteínas, produtos farmacêuticos caros e instalações climatizadas
para sobreviver. Um ataque a biodiversidade!
O porco criado em Itabaiana por
pequenos sitiantes é um clone produzido nos USA, que em três meses já está
pronto para o abate. Quatro empresas no mundo cobrem dois terços do total da
pesquisa e do desenvolvimento de suínos e bovinos no mundo. Dirá o leitor menos
atento: que bom, só assim teremos mais carne para o consumo.
Ocorre que a baixa diversidade
genética das raças comerciais aumenta a sua vulnerabilidade a pragas e doenças.
Por isso, os produtores empregam grandes quantidades de fármacos (antibióticos e
hormônios), tanto para evitar doenças como para promover o rápido crescimento do
animal. Os porcos que recebem antibióticos precisam de 10 a 15% menos alimentos
para atingir o peso de mercado.
Nos Estados Unidos, a produção pecuária consumiu 13
mil toneladas de antibióticos em 2009, o que representa quase 80% de todos os
antibióticos utilizados no país. As pesquisas apontam esse uso industrial dos antibióticos
como o principal responsável pelo aumento da resistência bacteriana. Segundo a
OMS, atualmente são administrados mais antibióticos a animais saudáveis do que a
humanos doentes. Assim nascem as superbactérias.
Os pesticidas e herbicidas despejados sobre as
culturas e pastagens deixam vestígios na carne, no leite e nos ovos. No Brasil,
o herbicida glifosato (Roundup) da Monsanto é usado largamente na produção de
soja. Além de afetar a biodiversidade, contaminar a água, o glifosato modifica
o sistema hormonal humano é teratogênico e cancerígeno. Esse crescimento da incidência
das neoplasias não decorre unicamente do envelhecimento.
Portanto, a carne plastificada dos supermercados,
embaladas à vácuo a -4 graus, esterilizadas, mantidas artificialmente
vermelhas, distribuídas pela indústria da carne representam elevados riscos
para a saúde pública, bem maiores que os matadouros, marchantes e a comercialização
em feiras livre.
Não se trata de “achismos” ou opinião pessoal. Os
detalhes, as pesquisas, a fundamentação podem ser encontradas no “Atlas da
Carne”, da Fundação Heinrich Böll. http://actbr.org.br/uploads/arquivo/1123_atlasdacarne.pdf
Antônio Samarone.
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