A Violência no Trânsito. (por
Antônio Samarone)
A cada quinze minutos morre um
brasileiro e quatro ficam com sequelas definitivas, em decorrência dos acidentes
de trânsito. Em 2017, foram 36.429 mortes.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) iniciou um esforço mundial para reduzir essa epidemia, e apontou cinco
medidas básicas de prevenção, embasadas cientificamente, para reverter o quadro
da mortalidade: redução da velocidade; utilização adequada de capacete por
motociclistas; uso de cadeirinha para criança; combate ao uso de bebidas
alcoólicas e direção; uso do cinto de segurança.
Impressionante a estupidez do
Governo Brasileiro, das cinco medidas preventivas recomendadas pela OMS, ele
atacou três medidas frontalmente e uma quarta secundariamente. Só não mexeu até
agora na obrigatoriedade do uso do cinto de segurança. Acho que esqueceu...
Elimina os radares, liberando a
velocidade; desobriga as cadeirinhas, deixando ao cargo dos pais; permite o uso
de capacete inadequado, sem viseira. Não mexe na proibição do álcool, porém
libera o uso de arrebite e outras drogas pelos caminhoneiros. Parece sacanagem!
A partir de 2015, com a obrigatoriedade
dos exames toxicológicos para a renovação da CNH dos motoristas profissionais,
houve uma redução no uso de substâncias psicoativas pelos caminhoneiros e uma
queda do número de acidentes. Isso ele acaba!
Os estudos apontam que as
cadeirinhas reduzem em até 80% as chances das crianças de até sete anos,
morrerem em um acidente de trânsito. Será se disseram isso ao Presidente?
Na “indústria de multa” só é
punido quem comete infração. Se a pessoa obedece a velocidade prevista para a
via sinalizada, qual o incomodo dos radares? É a mesma coisa que ficar
incomodado com as câmaras antifurto dos supermercados.
Quando Aracaju limitou a
velocidade máxima a 60 km/h, houve reações. Um radialista atacava diariamente
os 60 km. Hoje os benefícios são reais. Os atropelamentos foram reduzidos em
47%. São evidências indiscutíveis.
Achar que a impunidade ficará
impune é ilusão. O preço cobrado à sociedade será a superlotação dos setores de
traumatologia nos hospitais de urgência. As principais vítimas serão os mais frágeis:
pedestres, ciclistas, motoqueiros...
Se existisse uma indústria de
multas como fala o Presidente, teríamos uma forma civilizada de enfrentá-la:
deixar de cometer infrações. Sem infração não haveria multa. A indústria
fecharia suas portas em pouco tempo e decretaria falência, com zero de
arrecadação.
Portanto, favorecer a impunidade agrava
a insegurança no trânsito. Um retrocesso do processo civilizatório que só beneficia
os infratores contumazes.
Antônio Samarone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário