Lavagem Cerebral (por Antônio Samarone)
Na nova regulamentação da atenção
psicossocial do SUS, do Governo Bolsonaro, estão previstos um retorno a atenção
manicomial, o fim da estratégia de redução de danos e a oficialização do eletrochoque
como procedimento usual no Sistema Público de Saúde.
Claro, o eletrochoque (ECT) atual
é realizado com mais cuidados. As Associações de Psiquiatria e o Conselho Federal
de Medicina autorizam, avalizando a legitimidade da conduta. O ECT continua
dividindo opiniões. Os defensores usam o nome da ciência como escudo e os que
não aceitam valem-se da experiencia histórica. Os mais críticos, asseguram que
a psiquiatria é uma medicina baseada em aparências.
No início da década de 1950, começo
da guerra fria, a CIA financiou experiencias de lavagem cerebral, usando eletroconvulsive
therapy (ECT), com os pacientes do Dr. Ewen Cameron, no AlIan Memorial Institute
da Universidade McGill, em Montreal. O experimento era uma tentativa de apagar
a mente dos pacientes, para reconstruir um novo indivíduo.
A CIA, por sua vez, experimentava
novos métodos interrogatório! As pesquisas do Dr. Cameron foram financiadas
pela CIA até 1961. Na década de 1970 as pesquisas foram denunciadas no Senado
Americano. Várias vidas foram despedaçadas, até se provar que lavagem cerebral
não funciona, foi um mito da guerra fria.
O psiquiatra Ewen Cameron (1901 –
1967), foi Presidente da Associação Americana de Psiquiatria e da Associação
Mundial de Psiquiatria. Um médico poderoso. Cameron acreditava que o único
caminho para ensinar aos pacientes novos comportamentos saudáveis, era entrar
em suas mentes para destruir os moldes patológicos.
Cameron usava a técnica de
Page-Russel, e administrava seis descargas elétricas seguidas, quatro vezes ao
dia, durante trinta dias, num total criminoso de 720 eletrochoques por paciente/mês.
O massacre visava apagar a memória do paciente e regredi-lo à idade infantil. Aos
eletrochoques eram associadas drogas psicotrópicas.]
Quando os pacientes estavam
reduzidos a pó, deitados em posição fetal, com incontinência urinária, chupando
dedo, chamando o médico de mamãe; Cameron colocava uma fita com mensagens
edificantes, para que os pacientes assimilassem uma nova personalidade. A fita
era tocada continuamente por mais de cem dias. Era uma visão behaviorista.
Em 1988, a CIA foi condenada a pagar
750 mil dólares de indenização a nove pacientes que sobreviveram a essa
experiencia de lavagem cerebral do Dr. Cameron. Existem evidências que o mesmo
método foi usado em Guantánamo e com os prisioneiros do Iraque.
Quem tiver interesse em
aprofundar o tema ou apenas conhecer a “fonte” dos fatos narrados, veja o livro
“A Doutrina do Choque: ascensão do capitalismo de desastres”, de Naomi Klein,
Editora Nova Fronteira.
Antônio Samarone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário