terça-feira, 25 de setembro de 2018

O MESSIANISMO BOLSONARIANO



O messianismo bolsonariano

A descrença nas instituições republicanas, o desengano com a democracia, o desprestígio dos partidos políticos, visíveis desde as jornadas de junho de 2013, favorecem as saídas messiânicas. A crença que um líder (um mito), venha nos redimir. O Brasil, que não tinha mais jeito, agora encontrou um salvador da pátria.

O Messias bolsonariano não prega nenhuma novidade: diz, através de Paulo Guedes, que vai retomar o desenvolvimento econômico reduzindo o tamanho do estado e privatizando. Um neoliberalismo requentado. Anuncia o aprofundamento do corte nos direitos trabalhistas e sociais, sobretudo na previdência. A sociedade será salva pela mão invisível do mercado. A mesma receita do Temer, talvez numa dose mais alta.

O Jair Messias prega que a violência será resolvida com mais violência, numa formula simplória: armar os que estão desarmados. Simbolicamente, ele sempre aparece simulando estar atirando com um fuzil. Numa sociedade assombrada com a violência, isso parece uma alternativa eficaz. É o modelo do faroeste americano, ou na retomada das volantes, do tempo do cangaço.

O salvador da pátria promete impor uma nova ordem nas instituições, nas famílias, nos costumes e nos comportamentos. Claro, essa promessa de um Brasil novo é fantasiosa e inexequível.

Nas escolas, será imposta uma disciplina militar, passando a ilusão que a melhoria da qualidade do ensino vem por acréscimo. Esses milagres autoritários são acompanhados de amplas restrições do pensamento, da supressão da liberdade e da censura à imprensa. Os sinais que essa aventura é um voo cego são evidentes.

Mas nada disso persuade os seguidores do mito. A crença em salvadores da pátria é antiga no Brasil. Uma herança sebastianista. Os crentes em Reinos Encantados, obra de um Messias, sempre foram gente simples e populações marginalizadas. Essas crenças eram atribuídas a ignorância dos beatos e seguidores.

Esse messianismo de mercado, dessacralizado, está sendo abraçado por gente que frequentou a escola, de certa forma, gente bem informada (essa é a novidade). Por enquanto, a onda bolsonariana é uma manifestação majoritária de classe média, da burguesia cabocla e de parte da juventude. Gente de boa-fé, onde as palavras de ordem nas manifestações – “Eu, vim de graça”; e “mito” – dizem muito do ideário do movimento. Aguardam o aval do mercado financeiro e da rede globo.

É gente instruída acreditando em milagres, seguindo um salvador da pátria. Gente que desacredita no Brasil, e que começa a emergir do milenar silencio político. Uma parte crer que Bolsonaro seja mesmo uma saída e vai consertar o Brasil; outra, tem dúvidas, mas não quer o PT de volta. É visível a migração do “voto útil” pela direita; a migração de votos de Alckmin, Marina, Álvaro Dias, Meirelles e Amoedo para Bolsonaro. Os mais apaixonados acreditam que ele pode ganhar no primeiro turno.

Antonio Samarone.

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