A bancada federal de Sergipe.
Na lógica tradicional das
eleições, o sufrágio para deputado federal em Sergipe tem as suas
especificidades. O voto de federal não é buscado diretamente no eleitorado, no
corpo a corpo, pedindo-se a um e a outro. O voto não é no varejo. O voto de
federal consegue-se no atacado, com o apoio de lideranças (deputados estaduais,
Prefeitos e, secundariamente, vereadores).
Por isso uma eleição de federal
custa caro. Essas lideranças para apoiarem um federal buscam uma contrapartida.
A recompensa vai do compromisso para liberação de emendas para o município, ao apoio
na próxima eleição municipal.
Claro, precisa-se também de um adjutório
para tocar a campanha, a chamada estrutura, o capilé, a grana que move as
eleições. Uma parte desse recurso pode chegar ao eleitor, em forma de pequenos
favores ou em espécie. É sobre essa última etapa da cadeia mercantil que se
voltam os olhos da justiça.
Qual o valor dessa “estrutura” no
mercado da política? Depende do potencial de transferência da liderança
contratada. Quem é do ramo sabe com precisão quanto cada um transfere. O apoio
do Prefeito X significa tantos votos, quando se apura tá lá os votos. Essa
lógica tem funcionado desde a proclamação da República. Nessas eleições, um
político conhecido achou muito caro e desistiu; e um outro, desconhecido, virou
favorito, só porque tem bala na agulha.
É por isso que os analistas bem
informados fazem a lista de quem vai ganhar e de quem vai perder para federal,
com antecedência. O meu amigo Rosalvo Alexandre, quinze dias antes, entregava a
relação dos oito eleitos, nunca errou! De vez em quando aparecia uma zebra, que
ninguém esperava. A exceção é parte da regra.
Para ser deputado federal em Sergipe,
não precisa o candidato conhecer os eleitores, nem ser conhecido por eles. Não
precisa dizer as razões do seu pleito, em pouco tempo os eleitores não se
lembrarão em quem votaram. A votação do federal dependerá apenas de quem o
candidato contratou para apoia-lo. Não precisa sair em cima de uma caminhoneta,
acenando para o eleitor. Na verdade, é o candidato quem escolhe os eleitores
que votarão nele.
Tem sido raro, mas de vez quando se
elege um nome novo. Esse ano, temos vários candidatos alternativos: uns por
convicção política, outros por falta de recursos e outros até por oportunismo. Candidatos
que não procuram os apoios convencionais. Fazem a campanha no varejo, de porta
em porta, de rua em rua, de beco em beco. Alguns esperando o milagre das redes
sociais. Esses candidatos estão fora do mercado do voto, esperando uma rebelião
do eleitorado.
Entre os favoritos, destaco a campanha alternativa de Fábio Henrique. Ele reuniu os seus cabos eleitorais e danou-se no mundo a pedir votos, diretamente aos eleitores. Priorizou a grande Aracaju e adjacências. Optou por gastar a sola dos sapatos. Apoio tradicional, só o Prefeito de Cristinápolis. Em Socorro, onde ele foi Prefeito, dos vinte e um vereadores, ele só conseguiu o apoio de dois. No mais, um outro vereador. Não sei se por opção ou por falta de opção, a verdade é que Fábio Henrique não está seguindo a cartilha. Portanto, faz uma campanha arriscada.
A tese que o eleitorado está indignado
com os políticos vai ser testada nas urnas. Que bancada federal Sergipe mandará
à Brasília? Os analistas mais experientes defendem que nada mudará, os eleitos
serão os mesmos, usando a velha receita. Eu confesso não saber. Gostaria que
surgissem novos deputados federais, gente idealista, cheias de bons propósitos
e com o espírito republicano. Vamos aguardar...
Antonio Samarone.
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