O Cholera Morbus em Propriá
(1862)
O Cholera dessa vez veio de
Pernambuco. Em 22 de agosto de 1862, a Peste se manifestava no povoado
Curralinho, com dois óbitos. O primeiro caso em Propriá, ocorreu em 30 de
agosto. A Província dessa vez estava mais preparada, (o flagelo de 1855, ficou
marcado). Desde março, cinco meses antes, a Província havia sido dividida em
distritos médicos, nomeando-se pessoas caridosas para as cidades, vilas e
povoados. Todas instruídas do que fazer antes, durante e depois da Peste.
As autoridades da Província
distribuíram uma cartilha com todos fazendeiros e proprietários, com
professores, padres, pessoas alfabetizadas, com as recomendações preventivas
contra o Cholera, as formas de uso dos medicamentos, dietas e resguardos. A
Província de Sergipe estava mais precavida, e os flagelos dessa segunda
epidemia foram bem menos funestos e assoladores que os estragos da Peste de
1855.
Mesmos com todas as precauções, a
Peste se disseminou. O Dr. Leopoldo, residente em Propriá não deu conta
sozinho. Tentou-se a ajuda do médico de Divina Pastora, Dr. João Paulo Vieira
da Silva, que não pode. Na emergência, o Presidente da Província encaminhou
para Propriá o cirurgião do corpo de saúde do Exército, Dr. Manoel Antunes de
Salles.
Com o avanço da epidemia de
Cholera em Sergipe, a Bahia mandou ajuda: médicos e medicamentos. De imediato,
dos chegados da Bahia, o Dr. Egas Muniz Barreto Carneiro, foi encaminhado para
Propriá.
O dr. Joaquim Jacintho de
Mendonça, Presidente da Província informou:
“Para evitar latrocínios, que
outrora, em crises semelhantes, apareceram na Província; e para fazer guardar
com toda a regularidade das inhumações (sepultamentos), pus a disposição do
Juiz de Direito os praças do destacamento da cidade, como aumentei o efetivo e
enviei um capitão do corpo efetivo da polícia.”
“Finalmente, para que nada
faltasse aos infelizes enfermos, fui diligente ao remeter suprimentos de
remédios, roupas, carapuças, tamancos, baetas e gêneros alimentícios, bem como
1:200$000 reis em dinheiro.”
O ano de 1862 foi trágico para
Sergipe, além das mais de 600 vítimas fatais do Cholera, na cidade de Propriá, entre
eles, o próprio Juiz de Direito, Dr. Antônio Rodrigues Navarro de Siqueira,
falecido em 22 de janeiro de 1863. Segundo relatório do Inspetor de Saúde
Pública da Província, Dr. Francisco Sabino Coelho de Sampaio, nesse ano de
1862, também ocorreu uma epidemia de febre amarela em Sergipe, com mais de 400
óbitos. O estado sanitário da província de Sergipe era apavorante, na segunda
metade do Século XIX.
Destacou o Inspetor de Saúde
Pública: “O Cholera Morbus, esse monstro surgido das águas do Ganges, morador
inseparável de suas margens empestadas, flagelo, que os céus em sua justiça
arrojarão à terra para punir-nos, assaltou vorazmente toda a Província, e
saciou a sua voracidade”.
Antonio Samarone.
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