A medicalização das redes sociais.
As redes sociais são acusadas de destruírem
os relacionamentos humanos, impedirem o “tête à tête”, dificultarem as
verdadeiras amizades, afastarem as pessoas, levando-as a solidão e ao desamor. Defender
essa tese passou a ser politicamente correto, e não faltam profissionais para
dar ares de cientificidade. As redes sociais evitam que as pessoas sejam mais
felizes, e podem levar a transtornos mentais. As redes sociais são pragas. Virou
doença.
Não acredito. As verdadeiras
amizades sempre foram raras e a solidão é antiga. Pelo contrário, as redes sociais
evitam o isolamento dos idosos, dos insones, dos que estão segregados por
doenças, dos que temem a violência urbana, dos que não gostam de multidões. As
redes sociais ampliam as possibilidades de relacionamentos, reduzindo os
limites sociais e geográficos, facilitando o acesso a pessoas fora do nosso mundo
privado. As redes sociais tornam os relacionamentos pessoais desgastados
suportáveis. Os amigos virtuais são menos inconvenientes, causam menos decepções,
pois já se espera pouco deles. E quando se percebe a canalhice dos amigos
virtuais é só deletar.
Muitas famílias dispersas se reencontraram
pelas redes sociais. Os grupos de WhatsApp reunificaram irmãos distantes,
sobrinhos, primos; reuniu colegas de escola, amigos de infância; congregou
funcionários de uma mesma empresa; interessados por um mesmo tema; agilizou a
troca de informações. E quando se torna necessário os encontros diretos,
marcamos essas confraternizações pelas redes sociais. Portanto, responsabilizar
as tecnologias de comunicação pelo “esfriamento” das relações humanas, é não
querer enfrentar a realidade da natureza humana.
Antônio Samarone.
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