quarta-feira, 14 de março de 2018

A MEDICALIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS



A medicalização das redes sociais.

As redes sociais são acusadas de destruírem os relacionamentos humanos, impedirem o “tête à tête”, dificultarem as verdadeiras amizades, afastarem as pessoas, levando-as a solidão e ao desamor. Defender essa tese passou a ser politicamente correto, e não faltam profissionais para dar ares de cientificidade. As redes sociais evitam que as pessoas sejam mais felizes, e podem levar a transtornos mentais. As redes sociais são pragas. Virou doença.

Não acredito. As verdadeiras amizades sempre foram raras e a solidão é antiga. Pelo contrário, as redes sociais evitam o isolamento dos idosos, dos insones, dos que estão segregados por doenças, dos que temem a violência urbana, dos que não gostam de multidões. As redes sociais ampliam as possibilidades de relacionamentos, reduzindo os limites sociais e geográficos, facilitando o acesso a pessoas fora do nosso mundo privado. As redes sociais tornam os relacionamentos pessoais desgastados suportáveis. Os amigos virtuais são menos inconvenientes, causam menos decepções, pois já se espera pouco deles. E quando se percebe a canalhice dos amigos virtuais é só deletar.

Muitas famílias dispersas se reencontraram pelas redes sociais. Os grupos de WhatsApp reunificaram irmãos distantes, sobrinhos, primos; reuniu colegas de escola, amigos de infância; congregou funcionários de uma mesma empresa; interessados por um mesmo tema; agilizou a troca de informações. E quando se torna necessário os encontros diretos, marcamos essas confraternizações pelas redes sociais. Portanto, responsabilizar as tecnologias de comunicação pelo “esfriamento” das relações humanas, é não querer enfrentar a realidade da natureza humana.

Antônio Samarone.

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