segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

O BARÃO DO TUIM


 Gente Sergipana – O Barão do Tuim.
(por Antonio Samarone)

Passei na portaria do meu apartamento, e estava lá um presente: o livro de Reminiscência de um Engenheiro Agrônomo. Adorei. Bem escrito, leve, contando boa parte do cotidiano do Aracaju, das décadas de 1950/60.

Antonino Campos de Lima, agrônomo, formado na lendária escola de Cruz das Almas, na Bahia, professor emérito de botânica da centenária UFS, é descendente direto do Fidalgo Coronel João Neto, senhor de baraço e cutelo, dono das terras do distrito de Nossa Senhora da Conceição da Parida. (atual Arauá)

Da família do Coronel João Neto do Tuim, brotaram juristas, desembargadores e agrônomos. Somente em Cruz das Almas, formaram-se oito agrônomos, um filho, seis netos e um bisneto, com destaque para o intelectual Urbano Neto, tio de Antonino.

Antonino nasceu no Sítio Carro Quebrado, Aracaju, cresceu banhando-se no Rêgo do Tororó e jogando bola no Bariri. Filho do Dr. José Olino, obstetra, que deixou a medicina pela vocação de mestre.

José Olino foi professor catedrático de português do Atheneu, latinista de nome nacional, poeta, prosador e fabulista. Professor titular da disciplina filologia românica da UFS.

Antonino nasceu e se criou num sítio, no Bairro São José. Um privilégio.

Não confundir José Olino o pai de Antonino, com José Olino, irmão do mesmo, esse cirurgião plástico e proprietário da tradicional Clínica dos Acidentados, dele e do Dr. Adelino.

Antonino tem outros irmãos, eu conheço Cândido e Seu Aluíso, da Pisolar.

Antonino é primo carnal do Dr. Bernardo Lima, um amigo de longa data.

Antonino fez os primeiros estudos no Jardim de Infância Augusto Maynard, o primeiro de Sergipe. Passou pelo disciplinado colégio Jackson de Figueiredo, de Judite e Benedito, para desaguar no conceituado Atheneu.

Antonino foi o melhor aluno sergipano em Cruz das Almas, na Bahia, com grande destaque em botânica. A minha admiração pelo mestre, começou por sua sabedoria botânica.

Em sua primeira aula, em Cruz as Almas, o professor perguntou qual era o nome científico do algodão, prometendo um dez para quem acertasse. A turma fez silencio. Antonio levantou a mão e disse encabulado: o algodão é o Gossypium herbaceum, da família Malvacea.

Dez, nota dez, na primeira aula.

Em meus tempos de estudante, no Murilo Braga, o programa do curso de biologia era centrado em botânica, zoologia e corpo humano. Eu gostava de botânica. Depois a biologia do segundo grau mudou para citologia e genética. A botânica foi esquecida.

Eu ensinei biologia no Arquidiocesano, mas a biologia já renovada pela citologia e pela genética.

A passagem do Dr. Antonino por Cruz das Almas foi uma benção de Deus. Por lá ele casou como Dona Giovanina, uma descendente de italianos, jogou no time local de futebol e fez muitos amigos. Aliás, antes de retornar a Sergipe, Antonio trabalhou nas lavouras de cacau, na Bahia.

Antonino foi professor de botânica do curso de biologia da UFS. Um gentleman, atencioso, disponíveis para os alunos. Ele fez de tudo na UFS. Publicou vários livros técnicos.

Eu, curioso pela botânica, quando quero saber sobre as plantas nativas do meu latifúndio de 4 tarefas, aqui em São José dos Náufragos, às margens do Rio Santa Maria, ligo para Antonino.

Doutor Antonino, obrigado pelo seu livro de Reminiscência.

Eu sou um descrente na humanidade, mas reconheço que no meio da boiada, tem gente decente, idônea, altruísta, magnânima, benevolente, gente que faz o bem de forma desinteressada. Se me pedirem provas, eu citarei o senhor, sem medo de errar.

Feliz Ano Novo, para o Senhor e familiares.

Antonio Samarone – médico sanitarista.

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