O Ouro Branco. (por Antônio Samarone)
Em 1949, o cirurgião francês
Henri Laborit usou a clorpromazina para reduzir as reações dos pacientes durante
as grandes cirurgias. Laborit percebeu que quando usava doses elevadas os pacientes
ficavam apáticos, indiferentes e continuavam assim após a cirurgia.
Laborit convenceu a um amigo
psiquiatra a usar a clorpromazina em pacientes psicóticos. Em 1952, a
clorpromazina foi usada em altas doses, via intravenosa, em um paciente psicótico
agitado. O paciente sossegou e permaneceu calmo. A droga começou a reduzir a
intensidade dos sintomas psicóticos e o paciente voltou à normalidade. Era
quase um milagre.
A companhia farmacêutica
GlaxoSmithKleine licenciou a clorpromazina e o seu faturamento triplicou em dez
anos. Estava descoberto, por acaso, o primeiro medicamento eficaz contra os
sintomas da esquizofrenia.
Houve uma correria das indústrias
para descobrirem novos medicamentos. Em 1958, a Geigy lançou no mercado a
imipramina, o primeiro tratamento eficaz contra a depressão.
Os psicotrópicos entraram em ação
nas doenças mentais. Faltava um medicamento para as manias, para o transtorno bipolar.
John Cade, um médico obscuro do
exército australiano, impressionado com o comportamento enlouquecido de vários
soldados em decorrência da guerra, passou a estudar o assunto. Eles tremiam, gritavam
e balbuciavam palavras sem sentido. John Cade achou semelhante aos sintomas da
mania.
Retornando a Melbourne, John Cade
achou que a mania era causada pelo o ácido úrico que se acumulava no cérebro, e
que precisava usar alguma substância que neutralizasse o mesmo. O solvente
escolhido foi o carbonato de lítio.
A suposição que a mania era
causada pelo ácido úrico estava errada e o lítio, um metal ferroso da primeira
coluna da tabela periódica, ao lado do sódio e do potássio, não se sabe até
hoje como atua no organismo. Ou seja, uma experiencia destinada ao fracasso.
Porém, um resultado inesperado: o
lítio mostrou-se excepcional estabilizador do humor, eficaz no tratamento do transtorno
bipolar e usado com sucesso até hoje. Mesmo sem muito interesse da indústria farmacêutico.
O lítio não tem patente e ainda é barato.
Em outras palavras, na medicina as vezes as coisas funcionam, mesmo sem se saber como. Sobretudo na
psiquiatria.
Entretanto, a importância do milagroso
lítio começou a mudar por outra razão.
O lítio tornou-se o ouro branco. Ele
é o principal componente usado na fabricação de baterias. Um smartphone usa
cerca de 3 gramas de lítio e um carro elétrico 20 quilos. A demanda anual por
lítio deve atingir um milhão de toneladas.
Em 2025, todos os carros da China
serão elétricos.
A Bolívia possui a maior jazida
de lítio do mundo, em seu deserto salgado Salar de Uyuni (foto). A Bolívia é a
Arábia Saudita do lítio.
Vamos entender por que derrubaram o Evo Morales?
Estava em andamento a construção da
cadeia produtiva do lítio. Ao invés de exportar o lítio como matéria prima, Evo
Morales sonhou em exportar as baterias.
A direita boliviana, apoiada pelo
imperialismo, pelo mercado, pela OEA, deu um golpe e derrubou o índio.
Antônio Samarone.
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