Gente Sergipana – Luiz Eduardo de
Magalhães (82 anos)
Luiz Eduardo de Magalhães nasceu
em Aracaju, em 20 de maio de 1938. Filho de Luiz Magalhães e Maria Violeta de
Farias Magalhães. Filho de cearenses, numa família de seis irmãos. O pai do Canindé
e a mãe da Serra de Baturité. O pai veio à Sergipe, para ocupar o cargo de
Promotor em Neópolis.
Em 1944, o pai, Luiz Magalhães, foi
nomeado Juiz de Direito em Itabaiana. Luiz Eduardo tinha apenas 5 anos. A
formação inicial de Luiz Eduardo se deu na cidade serrana. Frequentou as escolas
das professoras Terezita e Dona Candinha; e concluiu o primário com a
consagrada professora Isabel Esteves de Freitas, a Dona Bebé.
Aliás, Itabaiana deve muito a
Dona Bebé.
Luiz Eduardo de Magalhães teve o
privilégio de crescer numa cidade acolhedora. A família passava as férias no
Bom jardim, no pé da serra, para entupir-se de Jaboticaba no sítio de Natália.
As crianças viajavam em carro de boi.
Itabaiana era uma pequena Vila de
alfaiates e sapateiros, sob os cuidados médicos do Doutor Gileno Costa e a
proteção religiosa do Padre Heraldo Barbosa. Doutor Gileno valia por um SUS. Se
as dores de qualquer gestante surgissem de madrugada, em qualquer povoado, o
Dr. Gileno partia a cavalo para fazer o parto.
Luiz Eduardo de Magalhães foi
muito bem tratado em Itabaiana, era filho do Juiz de Direito.
Itabaiana era uma cidade metida a
besta, com uma intelectualidade pujante, sobretudo, entre os alfaiates. Luiz
Eduardo guardou na memória a grandeza de Antônio e Paulo de Dóci, Renato Mazze
Lucas (médico), Zé Crispim, Nilo, Zé Martins, Zé Silveira, Josias Bittencourt
(dentista), Alberto Carvalho, que lutaram pelo “O Petróleo é Nosso”, fundaram
um cine clube, um clube do trabalhador no Beco Novo e simpatizavam com o
Partido Comunista.
Os comunistas de Itabaiana não
perdiam nem missa, nem procissão. Alguns eram da Irmandade das Santas Almas. Todos mais ou
menos cultos, grandes leitores e iniciados em música pela eterna Filarmônica
Nossa Senhora da Conceição. Luiz Eduardo de Magalhães foi aluno do maestro e
compositor Antônio Silva. Ficou nas primeiras notas musicais.
Luiz Eduardo de Magalhães tem a
alma Itabaianense. Permaneceu apaixonado pelo Tricolor. Ainda hoje, quando alguém
conta uma vantagem, um fato interessante, uma coisa assombrosa, Luiz Eduardo costuma
repetir: “Eu queria que você visse era Itabaiana”.
Itabaiana não possuía ginásio. Luiz
Eduardo de Magalhães foi ser interno no Colégio Jackson de Figueiredo, em
Aracaju, onde concluiu o curso ginasial. No Jackson, Luiz Eduardo foi colega de
turma do notável historiador Ibarê Dantas.
Luiz Eduardo estudou o científico
no conceituado Liceu do Ceará, fundado em 1845. Foi morar na casa de um tio, em
Fortaleza. Fez o vestibular para engenharia civil, em Campina Grande.
Fez parte na Faculdade de uma
turma recheada de sergipanos. Luiz Eduardo de Magalhães foi colega de Turma de
Luciano Barreto (CELI), Luiz Teixeira (NORCON) e José Carlos Silva (Cosil), as
empresas que dominaram (junto com a Habitacional) a construção civil em
Sergipe.
Luiz Eduardo de Magalhães teve
uma vida universitária intensa, participativa, se aproximando do secular
Partido Comunista. Por conta dessa militância, Luiz Eduardo foi indicado para
representar o Brasil no Festival Mundial da Juventude (1962), na Finlândia.
Foram dez brasileiros. O festival era o grande evento da juventude comunista no
mundo.
Depois do encontro, os jovens eram
convidados a conhecerem alguns países comunistas. Luiz Eduardo conheceu a
Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia e Alemanha Oriental. Não gostou do que viu. Depois
do festival, Luiz Eduardo esfriou com o comunismo, não era bem o que ele
pensava.
Formado, o engenheiro Luiz
Eduardo de Magalhães retornou à Aracaju. Ingressou no Departamento Nacional de
Obras Contra a Seca (DNOCS), sendo em seguida transferido para o Departamento
de Estrada de Rodagem (DER), participando ativamente da construção da BR – 101.
Em 1967, vai para o Recife trabalhar na SUDENE.
Na SUDENE, Luiz Eduardo de Magalhães
especializou-se em economia, pela CEPAL, e atuou basicamente nas áreas de
planejamento e auditoria. Luiz Eduardo se casou com a portuguesa Maria de
Fátima, de onde nasceram quatro filhos: João Ricardo, Paulo Renato, Carlos
Henrique e Mário Jorge.
Em 1979 retornou a Aracaju.
Trabalhou na NORCON. Foi Prefeito do CAMPUS da UFS, na gestão de Gilson Cajueiro
de Holanda. Enveredou pelo empreendedorismo: foi proprietário de um curtume em
Itaporanga (Curtimbra), e depois sócio da Cerâmica Sergipe (Escurial). Hoje
atua numa pequena empresa familiar, na área de exploração de petróleo.
Luiz Eduardo de Magalhães, aos 82
anos, continua um intelectual ativo, de boa formação, atento a vida social, atualizado,
sempre fiel a sua consciência. Há muito lidera um grupo de diletantes (CORECON)
que se reúne semanalmente, para refletir sobre a realidade.
Luiz Eduardo de Magalhães é um
filho do iluminismo. Crente na razão, na ciência, no humanismo e no desenvolvimento.
Um otimista irrecuperável. Muito aprendi na convivência com esse ilustre
sergipano, mesmo quando discordava.
Luiz Eduardo de Magalhães é membro
titular da Academia Itabaianense de Letras.
Antônio Samarone.
que excelente post! muito bom saber cada vez mais da história de Itabaiana e de suas figuras, tá aí mais um que não conhecia.adorei o seu blog. parabéns!
ResponderExcluirps: por acaso você saberia dizer se por volta de que ano foi fundado esse cineclube (onde era também, ia amar saber)que você citou? agradeço desde já.