Gente Sergipana – Professor José Augusto
(por Antônio Samarone)
José Augusto Machado (71 anos), natural
de Itabaiana. Filho de José de Oliveira Machado (Zé da Manteiga) e dona Maria
Maurícia Machado. Quatro irmãos: José Arnaldo (Manteiguinha), Maria do Carmo,
Vera e Aparecida.
José Augusto fez o primário no
Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Foi aluno de Maria Pereira, Helena de
Branquinha, Helena Priscina, Maria do Carmo de Pedrinho e Lenita Porto.
Entrou no Ginásio Murilo Braga em
1959, após um rigoroso exame de admissão (um vestibular precoce), e concluiu em
1962.
José Augusto, como todo menino da
época, Jogou bola, brincou de castanha e pião. Pegou passarinho no visgo e no alçapão.
Se danou de bicicleta, pelos povoados. Tomou banhos em rios, lagoas e açudes.
Em 1963, veio para Aracaju, cursar
o científico no Colégio Estadual de Sergipe, no velho Atheneu, obrigatório para
quem queria continuar os estudos.
Naquele tempo, terminado o ginásio
no interior de Sergipe, os meninos que podiam vinham fazer o científico em
Aracaju, os que não podiam, paravam os estudos, e iam procurar do que viver.
José Augusto passou no vestibular
da conceituada Escola de Química de Sergipe, sem frequentar cursos de
pré-vestibular. Concluiu o Curso de Química em 13 de dezembro de 1969.
Em 1970, José Augusto já era
professor no Instituto de Química da UFS.
José Augusto se casou em 1972, com
Iracema Barreto Machado. É pai de três filhos: Breno, Diogo e Dênio.
Ainda estudante, José Augusto Machado
se envolveu na luta para levar o curso científico para Itabaiana quase sozinho. Depois de
muito vai e vem, conseguiu que a Secretária de Educação instalassem em 1969, o
curso científico no Colégio Murilo Braga.
Para sanear a falta de professores,
José Augusto se dispôs a lecionar três disciplinas (matemática, física e
química). E o curso se viabilizou.
O científico em Itabaiana foi a
salvação para muitos meninos pobres que queriam continuar os estudos e as famílias
não tinham condições de sustentá-los em Aracaju. Ressaltando, que esse benefício
alcançou gente de todo o agreste e de parte do sertão.
Eu fui aluno da segunda turma, em
1970.
Itabaiana anoitecia com caravanas
de alunos de tudo que era lugar. Vindos de ônibus, kombi, pau-de-arara,
caminhoneta, de burro, bicicleta e a pé. Chegava gente de todos cantos: Carira,
Frei Paulo, Ribeirópolis, Campo do Brito, Malhador, Moita Bonita, Macambira, vinha
gente até de Jeremoabo e Chorrochó.
Esse povo todo, muitos só se
formaram pela chagada do científico em Itabaiana, numa escola pública. Passamos
a ter esperança em melhorar de vida através da escola.
E essa luta para levar o científico para Itabaiana, pouca gente sabe,
foi travada por José Augusto Machado, um anônimo estudante de química. Sem pretensões,
sem interesses pessoais, apenas para beneficiar um magote de jovens pobres,
condenados a encerrar os estudos no ginásio.
Antes que apareçam padrinhos, quem
levou o curso científico para Itabaiana não foi político, secretário, diretor,
padre ou juiz, foi um competente e discreto estudante de química da UFS.
José Augusto Machado, muito
obrigado.
Antônio Samarone.
Meus agradecimentos. Sou um dos que fazem parte deste magote de moleques, sem eira nem beira, que cursou o cientifico no Coléio Estadual Murilio Braga (CEMB). Graças a este abnegado "fi du kansu", muitos ceboleiros conseguiram alcançar horizontes além do horizonte serrano.
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