O Desertão do Raso da Catarina.
(por Antônio Samarone)
O Raso é uma imensidão de aridez.
A Expedição Serigy visitou o Baixo do Chico. Saímos de Paulo Afonso até o
Povoado Juá. Lá encontramos com o guia. Avançamos de em carros traçados (4 X
4), carro pequeno não entra, por um caatinga seca, a perder de vista, cerca de
50 km.
Nem um pé de pessoa, nem de
mamíferos. Nem bode! Só répteis, roedores, cobras, aves e insetos. A vegetação de
cactos e catingueiras.
Chegamos a um lindo Vale, um rio que
secou a milhões de anos. Um Vale de 10 km de areia fina, entre rochas
semelhantes às do Canyon de Xingó.
Na entrada do Vale paga-se um
pedágio aos índios Pankararés. Achei mais para quilombola do que para Aldeia.
Uma pobreza absoluta.
Foi nessa parte do Raso que
Lampião se escondeu, quando veio corrido de Mossoró. E foi daí que saiu o maior
número de cangaceiros, mais do que do Poço Redondo, assim me contou o guia Pavãozinho do Juá.
É lá que estão a ararinha azul e
o urubu rei. Não as avistamos, já chegamos com o sol a pino.
Ninguém pode falar que conhece o
Nordeste, seca, pobreza, sofrimento, sem conhecer o Raso da Catarina. Não tenho
dúvidas, ao lado de Canudos de Conselheiro, Serra Talhada e Angico de Lampião,
Exú de Luiz Gonzaga, Juazeiro do Padre Cícero, formam o Nordeste profundo.
Os marimbondos de fogo me
reconheceram, me cercaram, zoaram em meu ouvido, me acompanharam na caminhada, mas
nenhuma picada. Cheguei a ouvi um zum-zum-zum entre eles: esse é dos nossos...
Antônio Samarone.
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