Epilepsia - morbus sacer. (por Antônio
Samarone)
Historicamente, a epilepsia já foi
associada a genialidade e a aspectos sobre-humanos. Hércules sofria da doença
sagrada, segundo Aristóteles. Vários heróis foram notadamente epilépticos: Alexandre,
o Grande; César e Napoleão.
Sobre César, Shakespeare pôs na
boca de Cássio:
“E quando o ataque lhe
sobrevinha, eu marquei como ele se agitava; é verdade como esse deus se agitava.
Seus covardes lábios esvaíram-se de cor, e que aquele mesmo olho, cujo brilho
espantava o mundo, perdeu o seu brilho; eu o ouvi gemer.”
Outros vultos da história também
padeceram de epilepsia: Pedro, o Grande; o Apóstolo Paulo; Petrarca e Maomé.
Sem falar em cientistas e escritores: Buffon, Flaubert; Helmholtz; Dostoiévski e
Van Gogh.
Dostoiévski escreveu que nos momentos
de êxtase, antes das convulsões, tinha a sua atenção dirigida para temas transcendentais
como Deus e Morte. Durante as “auras” dos epilépticos, do lobo temporal.
Maomé diz no Alcorão que viu o
Paraíso e nele penetrou. E não mentiu! Viu durante uma aura epiléptica, segundo
Dostoiévski.
A medicina científica identificou
a epilepsia, seus sintomas, sua localização e a sua natureza. Superou antigos
estigmas. Por isso pagamos um preço: não teremos mais Dostoiévskis...
Antônio Samarone.
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