Sergipe está importando jaca.
Fui comprar um pratinho de jaca,
uns vinte bagos, e a moça me cobrou dez reais. Estranhei, abençoada, dez reais?
Ela esclareceu: fazer o quê, as jaqueiras estão acabando em Sergipe. Essas que
eu estou vendendo, vem de Rondônia.
Pensei, só faltava essa, Sergipe
está importando jaca. O que houve, está dando bicho nas jaqueiras? Será a “vassoura-de-bruxa”?
Nada disso, logo descobri. Estão derrubando jaqueiras centenárias para fabricar
móveis rústicos. Um modismo predatório de uma indústria de beira de estradas.
A nossa jaqueira (Arthocarpus integrifolia) veio da Índia. Uma árvore que dura cem anos produzindo, alcança
uma altura de 20 metros e o tronco chega a 1 metro de diâmetro. Leva dez anos
para começar a produzir. A madeira é excelente.
O uso de madeira de qualidade
(mogno, cedro, sucupira, braúna, aroeira) para a produção de móveis é coisa do
passado. Essas árvores são protegidas, para se evitar o desmatamento. A
indústria passou a usar os concentrados Medium Density Fiberboard (MDF), de
madeiras reflorestadas (pinus e eucalipto).
Em Sergipe, na contra-mão da
sustentabilidade, estão derrubando jaqueiras centenárias para fazer bancos,
mesas e tamboretes. São móveis simples, sem arte e sem beleza. O único atrativo
é a qualidade da madeira. A jaqueira não é da flora nacional, portanto, está desprotegida.
As jaqueiras em Sergipe estão com
os dias contados.
Antônio Samarone.
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