O Hospital de Cirurgia à beira da
morte.
Em 1926, o governador Graccho
Cardoso construiu e equipou uma Casa de Misericórdia em Sergipe. O hospital foi
entregue ao comando do Dr. Augusto Leite. Por muitos anos, o hospital de Cirurgia
foi a salvação do povo pobre.
Já faz tempo, que o hospital de
Cirurgia só é filantrópico na razão social. Permanece nessa condição, para
assinar contratos com o poder público sem licitação, e ser isento de certas
contribuições previdenciárias.
Na realidade, o hospital de
cirurgia é um conglomerado de empresas e negócios, com várias clínicas privadas
operando sob o seu guarda-chuva. Com bancos e empresas de ensino. Até o IPES
Saúde, tem o seu lote nas dependências do Nosocômio. Do velho hospital de
caridade, talvez tenha restado o setor de contabilidade, os livros de atas e os
documentos.
O hospital de cirurgia vive em
conflito permanente com o SUS e com a sociedade. Alguns serviços passam mais
tempo parado do que funcionando. Desde janeiro, o contrato com o SUS deixou de
ser com o município de Aracaju e passou para a Saúde estadual.
O hospital de cirurgia, sufocado
por dívidas e gestões improvisadas, anda na corda bamba.
A Justiça resolveu determinar uma
intervenção, nomeou a interventora, e passou o pepino para o poder público.
Como a Justiça não tem como administrar diretamente um hospital, delegou a
tarefa ao Estado. A pergunta é simples: quem vai disponibilizar os recursos
para sanear financeiramente o hospital de Cirurgia?
O Estado que não consegue administrar
bem a sua rede de hospitais, passa a ter mais esse encargo. Se forem
necessários reformas físicas e novos equipamentos, quem vai providenciar?
Como ficará a relação da
interventora com os diversos negócios privados que funcionam sobre o mesmo
teto? Qual a proposta de reformulação que será adotada? O hospital voltará a
ser filantrópico? Depois de saneado, o hospital voltará para o comando de quem?
Em suma, o antigo hospital de caridade passará a ser o que, durante e após a
intervenção?
A questão é delicada: um hospital
a beira da falência, com muitos donos, pendencias financeiras e trabalhistas insanáveis,
é entregue para o poder público resolver. E ainda se pergunta por que os
recursos do SUS são insuficientes...
Antônio Samarone.
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