quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

QUAIS OS PROJETOS DAS ESQUERDAS PARA O BRASIL


Quais os projetos das esquerdas para o Brasil?

Entre os aspectos da crise brasileira, a falta de propostas para o futuro é pouco discutida. Como sairemos desse buraco? Os debates giram entre dois caminhos inviáveis: o grupo no poder acredita no projeto neoliberal, no estado mínimo em sua forma mais extrema, com supressão de direitos trabalhistas e previdenciários, redução de políticas sociais, privatizações, inclusão pelo mercado e na redução de impostos e concessão de subsídios às empresas.  É a crença na mão invisível do mercado. Eles acreditam que criado esse ambiente favorável aos lucros, o capital internacional destinaria os seus investimentos para o Brasil. Seria a nossa redenção econômica. Sem entrar na discussão de doutrinas econômicas, se a concentração de renda e o aumento da desigualdade é um caminho para o desenvolvimento, não creio que a maioria da população esteja disposta a esperar o bolo crescer. Depois a divisão nunca acontece. Esse projeto exige um longo período de privações, que inviabiliza a sua sanção nas urnas. 

Uma segunda força política, liderada por Lula, acena com a repetição da democratização do consumo, através da melhoria da renda e facilidades do crédito, o chamado nacional consumismo. Um modelo de desenvolvimento que amplia o consumo dos excluídos, sem cuidar da produção, um tipo de populismo econômico. A ascensão social através do consumo, propiciou o surgimento da famosa Classe C. Um ciclo de riquezas fáceis, que no Brasil foi sustentado pelas commodities: a agricultura, a pecuária e a mineração. Esse período de riqueza acabou, mas deixou boas lembranças nas massas. Uma conjuntura onde todos ganharam, em especial os mais ricos. Uma composição sustentada por um grande consenso político, onde poucos ficaram de fora. A tese é que o aumento do consumo criaria um mercado nacional e induziria a produção. O fim desse projeto de nacional consumismo se deu no Governo Dilma, com a alteração da conjuntura econômica, desvalorização das commodities, agravamento de crise fiscal, fim do consenso político e o golpe jurídico parlamentar. A crise tem se aprofundado, sobretudo pela extensão dos envolvidos com a corrupção, recessão econômica e protagonismo político do judiciário. Não existem inocentes nesse jogo.

A novidade fica por conta do surgimento de uma terceira alternativa de desenvolvimento, proposta e detalhada por Mangabeira Unger, em entrevista a Caetano Veloso, na Mídia Ninja. ( https://www.youtube.com/watch?v=Mfv-4zQ9_Q0 ).  O que propõe Mangabeira? A democratização da economia pelo lado da produção, da oferta e das capacitações. Segundo ele existe uma imensa vitalidade no povo brasileiro, sufocada pelas elites dirigentes. Seria necessário então, resgatar da informalidade e da precarização a maioria da nossa força de trabalho e transformar a relação do sistema financeiro com a produção, gerando um produtivísmo includente. A segunda esfera de mudanças seria na educação, a transformação do enciclopedismo raso e dogmático atual num ensino analítico, capacitador e dialético.

Continua Mangabeira: o equilíbrio fiscal do estado brasileiro será necessário, não para ganhar a confiança do mercado financeiro, mas para não depender dele. O estado brasileiro precisa de autonomia para liderar esse projeto de desenvolvimento. O sacrifício só será legitimado dentro de um projeto de democratização das oportunidades e das capacitações. A reforma da política seria a consequência de um projeto forte do estado brasileiro. A base social desse projeto seria formada pelos emergentes, a classe média empreendedora, e a massa pobre que quer seguir esses emergentes; o segundo aliado seria formado pela associação do capital produtivo com o trabalho, contra o rentísmo do capital financeiro; o terceiro aliado seria constituídos pelas regiões, o Brasil profundo, que está à espera de uma solução. “O Brasil é um caldeirão que fervilha de energia humana desperdiçada”, afirma Mangabeira Unger. O povo está disponível, falta quem aponte um rumo certo. Esse projeto está sendo defendido politicamente por Ciro Gomes, uma herança do trabalhismo brizolista.

Claro, não abordei outros projetos por desconhecimento. O que pensam os outros Partidos de esquerda sobre as saídas para o Brasil? Não sei!
Antonio Samarone.

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