Eletrochoque: ciência, comércio ou castigo?
No início do século XX, os
psiquiatras acreditavam que convulsões induzidas por metrazol ou insulina eram
úteis para o tratamento da esquizofrenia. Em 1937, o neurologista italiano Ugo
Cerletti, constatou que o choque elétrico aplicado na cabeça causava as mesmas
convulsões, e criou um equipamento com essa finalidade. A terapia por
eletrochoque foi espalhada pelo mundo, sendo um dos procedimentos mais usados
nos hospitais psiquiátricos, mesmo sem a menor evidência dos seus benefícios terapêuticos.
O eletrochoque também foi usado no controle de pacientes agitados,
indisciplinados, politicamente incomodo, como punição.
O eletrochoque foi
insistentemente denunciado por grupos de direitos humanos e pelos militantes da
reforma psiquiátrica no Brasil. O filme “O Estranho no Ninho”, com Jack Nicholson,
teve grande repercussão mundial. A partir da década de 1970, o uso do procedimento
começou a ser reduzido, sobretudo, devido a descoberta dos neurolépticos, terapeuticamente
mais eficazes.
Entretanto, o uso do eletrochoque
aperfeiçoado, retornou com força. A terapia passou a ser aplicada com uso de
relaxantes musculares, anestesia de curta duração, a pré-oxigenação cerebral, o
uso de EEG para monitoração da crise, e melhores dispositivos e formas de onda
para ministrar o choque transcraniano. A medicina continua acreditando que eletroconvulsoterapia
(ECT) é um tratamento seguro e eficaz para pacientes com transtorno depressivo
maior, episódios maníacos, esquizofrenia e outros transtornos psiquiátricos. As
máquinas modernas de ECT produzem pulsos elétricos breves de 1 a 2
milissegundos.
Conforme a Associação
Psiquiátrica Americana, a Eletroconvulsoterapia (ex eletrochoque) é um
tratamento de primeira escolha quando: (a) há necessidade de uma melhora rápida
e consistente, (b) os riscos de outros tratamentos são maiores do que os riscos
da ECT, (c) existe uma história prévia de resposta pobre a drogas e/ou boa
resposta pré- via à ECT ou (d) o paciente prefere esse tipo de tratamento. Atualmente,
apenas 14 hospitais no Brasil dispõem da ECT pelo Sistema Único de Saúde – SUS,
sendo apenas dois no Nordeste, um na Bahia e outro em Pernambuco.
Em 1992, surgiu a terapia de Estimulação
Magnética Transcraniana (EMT) usada nas desordens psiquiátricas, como
transtorno depressivo, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo
compulsivo (TOC); na dependência química e no autismo. Em março de 2006, a
Anvisa regulamentou o uso do aparelho de Estimulação Magnética Transcraniana; e
em 2012, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) foi reconhecida pelo
Conselho Federal de Medicina como tratamento médico eficaz. Em Aracaju, temos
serviços especializados e profissionais treinados em Estimulação Magnética
Transcraniana (EMT) e Eletroconvulsoterapia (ECT), em plena atividade.
Antonio Samarone.
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