sábado, 4 de março de 2017

A CEGUEIRA EM SERGIPE


A cegueira em Sergipe.

O Dr. José Rodrigues Bastos Coelho, médico sergipano, organizador do nosso Departamento de Saúde Pública, no primeiro Governo de Augusto Maynard (1930 – 1935), nos informa em seu ensaio “Coisas e Vultos de Aracaju” que, de acordo com o censo de 1940, Sergipe possuía 1.347 cegos, numa população de 542.320 habitantes. Isso dava uma incidência de 248,4 cegos por cem mil habitantes, taxa das mais altas do Mundo.

A oftalmologia engatinhava em Sergipe. Mesmo sendo uma das primeiras especialidades da medicina, as cátedras de oftalmologia foram instaladas nas duas faculdades brasileiras desde 1883. Entretanto, na prática, o trabalho do “oculista”, foi um dos espaços mais desejado dos charlatões.
Entre as doenças oculares mais frequentes em Sergipe até a primeira metade do século XX, preponderavam o “terçol” (pequenos furúnculos nas pálpebras); “Sapiranga” ou “Sapigoga” (blefaroconjuntivite com perda das pestanas); as “Conjuntivites”; “Oftalmia Purulenta (Tracoma); “Névoas Brancas” (catarata); “Arcus Senilis” (endurecimento da córnea pelo excesso de claridade); “Cegueira Noturna” (hemeralopia, decorrente da avitaminose “A”); “Gota-Serena” (amaurose, perda da visão sem lesão aparente, tratada com a guabiraba). É importante distinguir a Gota-Serena da Gota-Coral (nome dado a epilepsia) e da gota (podogra – artrite gotosa, uma forma grave de reumatismo).

Entre as devoções populares uma das santas mais adoradas era Santa Luzia, a protetora das vistas. Era comum em Sergipe que no dia da Santa (13 de dezembro, mas se comemora todo o dia 13), aproveitadores andarem de porta em porta, com a imagem ou gravura da Santa na mão, pedindo esmola para a mesma. Pouca gente tinha coragem de negar essa tão pequena dádiva em troca de tão grande proteção.

Entre os tratamentos para doenças oculares encontramos “suco de cansanção”, “sumo de umbaúba”.


Pintura de Pieter Brueguel, o Velho (1525-1569).

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