domingo, 6 de abril de 2025

A FUNDAÇÃO DE ITABAIANA - 350 ANOS.

A Fundação de Itabaiana. 350 anos.
(por Antonio Samarone).

Em resposta ao competente Conselho Estadual de Cultura.

A historiadora Thetis Nunes, citando um documento de 1757, descreveu os limites da Villa de Santo Antonio e Almas de Itabaiana, situada a uma légua da grande Serra:

Ao ocidente, com Villa de Lagarto, separados pelo Rio Vaza Barris; ao Leste, com a Villa de Santo Amaro, separados pelo Rio Sergipe; ao sul, com São Cristóvão, todas com uma distância de dez léguas. Para o Oeste, os limites de Itabaiana chegavam ao Sertão de São João de Jeremoabo, comarca da Bahia.

Itabaiana possuía uma área de 200 léguas quadradas.

A primeira atividade econômica em Itabaiana foi a criação de gado, a prosperidade dos curraleiros. O historiador holandês, Barleus, confirma a riqueza do gado em Itabaiana. O hábito alimentar de carnívoros tem a sua origem distante. Em Itabaiana, a carne está presente em todas as refeições.

Entretanto, foi a agricultura que ajudou a fixar o colono em pequenas propriedades. Os plantadores de mandioca, algodão e legumes. A farinha de Itabaiana virou uma marca de qualidade. O artesanato, com o algodão, passou a produzir tecidos e rede de dormir, citados pelo padre Marco Antonio de Souza.

No início do século XIX, a sede da Villa de Itabaiana possuía menos de mil habitantes. A vida se passava na extensa zona Rural. A Câmara Municipal, em meados do século XIX, delimitou a criação de gado na área de três léguas à dentro das matas, acabando com as "soltas". As fazendas precisavam construir cercas.

O primeiro líder político de expressão em Itabaiana, foi o Capitão Mor das Ordenanças de Itabaiana, José Matheus da Graça Leite Sampaio, senhor de terras destacado na Província. Militante da autonomia de Sergipe e da adesão a independência nacional.

Matheus da Graça foi eleito deputado para a primeira Assembleia Geral do Império (1826). Ele não chegou a exercer, pela idade avançada e doenças. Faleceu em janeiro de 1829.

A partir da década de 1860, a crise mundial do algodão, teve desdobramento em Itabaiana. Plantar algodão virou uma febre, invadindo as matas.

Em 1870, chegou a Itabaiana a primeira máquina de descaroçar algodão, o chamado Vapor. Rapidamente, em 1874, já existiam 50 Vapores. Ocorreu o crescimento do espaço urbano, nasceu um comércio promissor.

Despontou na produção de algodão o povoado Chã de Jenipapo, atual Frei Paulo. Dezenas de municípios sergipanos foram desmembrados de Itabaiana. Frei Paulo foi o primeiro.

A Resolução 1.331, de 28 de agosto de 1888, elevou a Villa a condição de Cidade, iniciativa do deputado Guilhermino Bezerra. Essa data é comemorada como o aniversário da Cidade.

Um equivoco histórico. Itabaiana foi fundada bem antes. Itabaiana vem da ocupação de Sergipe. Em 1675, foi criada a Freguesia de Santo Antonio e Almas (350 anos).

A Igreja chegou antes da Coroa!

Antes Arraial, Itabaiana se tornou Villa em 1697. Como dizia Sebrão sobrinho: uma comunidade de vilões, artesões e bodegueiros. Passam a existir: a Câmara, a Cadeia e o Pelourinho. Juiz ordinário, promotor, delegado, fiscais de renda e eleições. Quase tudo no papel.

Itabaiana vem de longe! O 28 de agosto de 1888 é uma data relevante, mas longe de ter sido a fundação. A filarmônica é de 1785, não pode ter sido anterior a cidade. A confusão é sobre o conceito de cidade. São Cristóvão já foi fundada com Cidade, nunca foi Villa. Itabaiana foi Arraial, Villa e depois Cidade.

A Criação da Freguesia de Santo Antonio e Almas (Paróquia), em 30 de outubro de 1675, é uma prova da existência consolidada da comunidade de Itabaiana, chamada à época de Arraial.

Em reunião recente do Conselho Estadual de Cultura, foi perguntado que data era essa, dos 350 anos de Itabaiana? Gerando um clima de desconfiança. Espero que esse modesto texto, esclareça as dúvidas do douto Conselho.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Soa até ridículo, desconsiderar que NÃO PODE HAVER CÂMARA MUNICIPAL sem Município; EMANCIPAÇÃO.
    Nem Município SEM CÂMARA.
    38 municípios sergipanos foram criados, emancipados, como vilas.
    Até mesmo depois de proclamada a República.
    Só o Decreto-lei 311/38 é que unificou tudo em cidade.
    Ribeirópolis foi a última emancipada como vila, em 1933; e a primeira cidade, sob a nova lei foi Canhoba.

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