quinta-feira, 10 de abril de 2025

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DE ITABAIANA - A CHEGADA DOS CRENTES.


 Fragmentos da história de Itabaiana - A chegada dos Crentes.
(por Antonio Samarone

As Caraíbas é o único povoado de Itabaiana onde os seus filhos possuem um gentílico próprio: “caraibeiros”. Antes das granjas, o povoado era especializado na produção de galinhas e ovos.

Nos tempos do algodão (segunda metade do Século XIX), as Caraíbas despontou economicamente: possuía uma descaroçadora. A Terra do Coronel Cassimiro da Silva Melo, fidalgo do tronco do Dr. Vladimir Carvalho.

Sem a força econômica do algodão, não se entende como o professor José Gregório da Silva Teixeira estabeleceu o segundo culto protestante em Sergipe, nas Caraíbas, em Itabaiana. Teixeira foi o primeiro crente em Itabaiana. O avanço do protestantismo em Sergipe, seguiu os passos do algodão.

O meu avô, Totonho de Bernadinho, dizia ter conhecido o local onde funcionou o culto protestante nas Caraíbas.

O Pai de Dona Eulina Nunes, Antonio da Silva Nunes, foi o segundo protestante. A primeira Igreja Presbiteriana em Itabaiana (foto), foi inaugurada em 18 de dezembro de 1938, obra da família Nunes. Isso mesmo, aquela igreja que foi absurdamente demolida um tempo desses.

Como os crentes chegaram as Caraíbas, trazidos pela febre do algodão.

A primeira sesmaria doada em Itabaiana, foi em 05 de março 1600, a Manoel da Fonseca. (Mil braças ao longo do Rio Cajaíba). A fundação do Arraial de Santo Antonio e Almas é de 1606. Em 30 de outubro de 1675, é criada a Freguesia. Uma portaria de Dom João de Lancaster (1687) instalou a Villa de Santo e Almas de Itabaiana, somente oficializada por portaria, em 1698.

Entre 1600 e 1669, já existiam 69 sesmarias em Itabaiana. Os nomes dos sesmeiros, o tamanho das propriedades e os fins (roça ou criação), estão relacionados na tese da professora Maria Nele dos Santos – 1984. (aguardando a publicação). Em 1757, Itabaiana possuía uma área de 200 léguas quadradas, ou seja, 8 mil Km².

A Vila de Itabaiana eram agregados de casas de rancho. Os proprietários moravam em seus sítios e fazendas. A vida urbana na Villa de Itabaiana era paupérrima. A população rural afluía em dias de feira, nas festas religiosas, nas missas, Trezenas de Santo Antonio, Natal e Semana Santa.

Segundo o historiador Almeida Bispo, as feiras regulares apareceram em Itabaiana, por volta de 1862, movida pelo negócio do algodão. Na verdade, o núcleo urbano e o comércio tomaram forma em Itabaiana, na segunda metade do Dezenove, movidos pela prosperidade do algodão.

O período áureo do algodão em Itabaiana foi entre 1865 e 1875. Mesmo nesse período, os vereadores cobravam as construções de sedes próprias para a cadeia pública e sessões do júri, reforma da igreja, abertura de fontes e estradas, melhores instalações para o Talho de carne e um médico residindo na Villa.

A agricultura foi reduzida ao algodão. Em 1870, o genovês Francisco Borsone, casado com uma ricaça de Maruim, instalou o primeiro descaroçador e enfardador de algodão a vapor em Itabaiana, na Rua do Tanque do Povo, no primeiro quarteirão da cidade. Depois, creio ter sido esse mesmo vapor propriedade de Joãozinho Tavares.

A lei das Terras de 1850. Entre o fim das doações de sesmarias (1822) e a Lei da Terra de 1850, a ocupação de terras ficou caótica, as ocupações foram generalizadas. Após de 1850, a propriedade da terra obedeceu à lógica do mercado. Nesse interregno, consolidam-se novos proprietários de terras e a formação dos povoados de Itabaiana.

Por volta de 1859, o livro de registro de terras em Itabaiana, assinado pelo padre Domingos de Melo Resende, assinalavam duas mil duzentas e trinta e uma propriedades. Não estão incluídas as propriedades de Campo do Brito, à época Itabaiana, pois o livro de registro foi extraviado... A primeira anotação em Itabaiana foi de 1856.

Antes da Lei da Terra (1850), os registros eram das sesmarias.

Entre a abolição das doações de sesmarias (1822) e a Lei da Terra (1850), a posse e a ocupação foram as únicas formas de propriedade. Nesse período, nasceram o Bom Jardim e os demais povoados. As ocupações davam-se em áreas entre as sesmarias, em sesmarias abandonadas e as em terras devolutas.

Em 1854, existiam em Itabaiana 36 engenhos de açúcar, sete com alambiques, 103 fazendas de gados e um número considerável de sítios com lavouras. Em 1856, o número de engenhos estava reduzido para 16, provavelmente pelo desmembramento de Santa Rosa de Lima e Divina Pastora.

O engenho das Candeias era propriedade de Alexandre José Barbosa e o engenho Cajueiro de Hermenegildo José Pereira Magalhães.

Na lista eleitoral de 1873, Itabaiana possuía 1866 lavradores e 44 negociantes; 16 alfaiates, 15 sapateiros, 14 carpinas, 7 ferreiros (os meus antecedentes) e 5 ourives; 2 padres, 1 advogado e 1 médico.

A chegada dos Crentes nas Caraíbas, ocorreu nesse contexto histórico.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.

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