domingo, 24 de dezembro de 2023

CHÁS, TISANAS E INFUSÕES.


 Chás, tisanas e infusões...
(por Antonio Samarone)

A botica do dr. Flodualdo, ficava no segundo trecho da Monsenhor Constatino. A residência na Rua de Vitória. Era a Unidade Básica, dos moloeques do Beco Novo.

Um quarto sortido de remédios, em boa parte, manipulados pelo alquimista. Quem podia, pagava alguma coisa.

O dr. Flodualdo, um prático em farmácia, dominava os saberes ancestrais. Em uma pequena estante, lembro-me de uma Coleção de Várias Receitas, datada de 1766, e da famosa “Grande Farmacopeia Brasileira, de Chernoviz, em dois volumes.

Se dizia, que o dr. Flodualdo sabia fazer a Triaga Basilica, a maior descoberta dos jesuítas.

Na Botica de dr. Flodualdo existiam os medicamentos prontos, como os xaropes, tinturas, emplastos e unguentos. E os medicamentos magistrais, preparados conforme receita ou formula prescrita por médicos.

O dr. Flodualdo prescrevia os banhos terepêuticos..

Os banhos com certas ervas, eram de serventia indiscutíveis. Tantos os banhos gerais, como os pediluvios (lava pés), manilúvios e semicúpios (banhos de assentos).

Os banhos podiam ser frios, frescos, tépidos e quentes. Durante a Peste de Covid, os manilúvios voltaram a ser prescritos.

Os semicúpios frios aliviam as hemorróidas ardidas.

Os banhos de cinza quente, foram abandonados pelas dificuldades logísticas, apesar da eficácia, em certas doenças de pele. A cinza de charuto, era um santo remédio na tynea corporis (impinge).

Os banhos de sal grosso, para afastar os encostos e mazelas espirituias. Os banhos de rosa, para estimular a sensibilidade na lua de mel, prescrito com afrodisíaco.

Ainda hoje, quando bate a enxaqueca, stress, tédio, enfado, eu apelo para um belo banho. Quente, frio, ou alternado. Os resultados são evidentes.

O dr. Flodualdo preparava dois licores de jurubeba, um aperitivo e outro digestivo. O aperitivo tinha a fama de abrir o apetite. Esses, em não tinha acesso. Ele herdou os saberes jesuíticos.

A industria farmacêutica sepultou esses saberes, para infelicidade dos viventes e padecentes.

Antonio Samarone – Médico sanitarista.

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