domingo, 25 de dezembro de 2022

ARACAJU INSUSTENTÁVEL

 Aracaju insustentável.
(por Antonio Samarone)

Quando Inácio Barbosa decidiu transferir a capital de São Cristóvão, já existia uma comunidade de ceramistas na Colina, chamada Arraial de Santo Antonio do Riacho do Aracaju. Portanto, Aracaju era o nome desse riacho, por isso, escreve-se “do Aracaju”, e não “de Aracaju”.

O vocábulo Aracaju é de origem Tupi, segundo Teodoro Sampaio. Ará-acayú, Aracaju, significa “o cajueiro dos papagaios”. Existem outras versões, mas essa é a mais poética.

Aracaju já foi a sultanas das águas, de fato, somos cercados de rios (Sergipe, Poxim, Sal, Vaza Barris, Santa Maria etc.). Sergipe também é de origem Tupi, cyri-gy-pe, serygipe, seregipe, Sergipe, é o Rio dos Siris. Por isso somos “do Sergipe” e não “de Sergipe”.

O Cajueiro dos Papagaios poderia ser uma cidade voltada para o meio ambiente, para os rios, uma terra de cajueiros e de papagaios, uma terra acolhedora, sustentável, onde o turismo não dependesse de cenários religiosos artificiais de milagres, explorados pelo mercado. (ouvi essa bobagem na imprensa).

Ontem eu assisti a uma revoada de ararinhas às margens do Rio Santa Maria, no que resta de restingas e coqueirais preservados, entre as comunidades do Robalo e São José.

A foto é um registro.

Aracaju segue o caminho das demais cidades metropolitanas, voltada para o lucro do capital imobiliário. Estamos criando uma cidade insustentável, coberta de asfalto e concreto, poluída pelos meios de transporte. Os esgotos coletados pela DESO são jogados “in-natura”, na Praia Formosa.

É formosa, mas fede...

Aracaju é um paraíso para a especulação imobiliária e um inferno para a sustentabilidade. O mundo civilizado já deu meia volta, e nós ainda estamos indo na mesma direção. A cidade investe na infraestrutura que interessa ao capital.

Recomendo as autoridades urbanos, políticas e técnicas, e aos interessados em geral, a leitura de “Guerra dos Lugares”, um livro grandioso da professora Raquel Rolnik.

Gente, na Zona de Expansão (expansão de quem?), ainda restam oásis de natureza, onde ainda vicejam os cajueiros e os papagaios.

Até quando?

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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