terça-feira, 18 de outubro de 2022

AGORA A INÊS É MORTA

 Agora a Inês é morta...
(Por Antonio Samarone)

Um ditado muito usado quando uma coisa não tem mais jeito, a oportunidade passou, agora é tarde. “Agora a Inês é morta.” Mas quem foi esta Inês?

O trágico romance entre o Infante Pedro I, de Portugal, e fidalga da Galícia Inês de Castro, foi cantado por Camões e Bocage, virou peça de teatro, filme, pinturas.

Inês de Castro foi uma Rainha póstuma de Portugal, amada pelo futuro Rei Pedro I. Como acontece nos romances, o Rei D. Afonso IV, o pai de Pedro, não queria o casamento.

Em meados de 1339, grassava na Europa a Peste Negra. Portugal andava em pé de guerra com Castela. Selaram a paz, e uma das condições foi o casamento de Pedro I com a nobre castelhana D. Constança Manuel. O romance com Inês foi adiado.

Pedro I ficou viúvo e mandou buscar Inês de Castro, o seu amor. O Rei D. Afonso IV continuou contrário ao casamento. A insistência do filho com esse casamento aprofundou as divergências com Pai, que numa ação extremada, em 07 de janeiro de 1335, mandou degolar a nora.

Diz a lenda que D. Pedro I, inconformado, mandou vestir a noiva com roupas nupciais, sentou o cadáver no trono e fez os nobres lhe beijarem a mão, daí falar-se que “a infeliz foi rainha depois de morta”.

Da relação Pedro I com Inês de Castro nasceram 4 filhos.
Pedro I abriu um conflito armado com o pai, por conta do assassinato da amada.

Ao assumir o trono em 1361, com a morte do pai, Pedro I se tornou Rei e mandou construir um túmulo para a amada, no Mosteiro de Alcobaça. No momento do translado do corpo, coroou Inês de Castro post-mortem, quase uma santificação.

A literatura e o imaginário popular se encarregaram dos detalhes. A glória de Inês só chegou depois da morte.

Inês de Castro é o episódio lírico-amoroso dos Lusíadas, que simboliza o amor em Portugal. Poetizou Camões:

“Ó caso triste, e digno de memória, / Que do sepulcro os homens desenterram, / Aconteceu da mísera, e mesquinha, / Que depois de ser morta foi Rainha.”

Manoel Maria Barbosa du Bucage, lavrou o seu verso:

“Toldam-se os ares, /Murcham-se as flores: /Morrei, Amores, /Que Inês morreu.”

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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