segunda-feira, 5 de julho de 2021

A DIÁSPORA SERGIPANA


A Diáspora Sergipana.
(por Antonio Samarone)

A imigração foi uma marca do início do período republicano no Brasil (1889). Milhares de estrangeiros desembarcaram nas províncias ricas. Em Sergipe, quase ninguém.

Pelo contrário, os sergipanos emigraram, partiram em massa para as províncias ricas. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Sem contar a emigração para a Amazônia, por conta da borracha.

Em 1890, moravam na zona urbana do Rio de Janeiro, 2.284 sergipanos.

A população sergipana, relativamente, decresceu na segunda metade do século XIX.

A cólera, as secas, a pobreza, a falta de empregos, a violência política, para quem não era (co) religionário, as condições sociais da Província expulsaram os sergipanos para terras estranhas, para as províncias ricas.

“Sergipanos de todas as classes sociais, inclusive médicos, bacharéis e engenheiros transportaram-se para os campos e cidades paulista, procurando colocar-se na lavoura, no comércio, nas indústrias, na burocracia, na clínica, na advocacia etc. Só a cidade de Santos, recebeu mais de três mil sergipanos, no final do Dezenove.” – Manoel Curvelo.

Além das razões objetivas, enxergamos uma condicionante cultural: faltava (ou falta) aos sergipanos uma identidade enraizada. Um orgulho! Pelo menos um bairrismo, semelhante ao bairrismo atual dos itabaianistas.

A maior resistência a autonomia de Sergipe da Bahia (1820), partiu da elite econômica sergipana. Tinha mais gente contra do que a favor.

Entre a posse de Carlos Burlamaqui (1821), o primeiro Presidente da Província de Sergipe, depois da autonomia; e o último Presidente do período Imperial, Thomaz Rodrigues da Cruz (1889), Sergipe foi governado por 111 Presidentes, em apenas 68 anos. Cada Presidente governou, em média, 7 meses.

Sergipe não tinha como prosperar!

Alguns historiadores acreditam que a autonomia de Sergipe foi um presente da Coroa Portuguesa, um agradecimento pelo envio de tropas sergipanas para combater a Revolução Pernambucana de 1817. Os sergipanos foram adeptos da causa do Rey.

Os habitantes de Villa Nova (Neópolis) enfrentaram, em nome do Rey, os habitantes de Penedo (ainda Pernambuco). A emancipação definitiva de Alagoas só ocorreu em 16 de setembro de 1817.

A adesão da maioria dos políticos sergipanos à República (1889) foi por oportunismo. Muitos ressentidos pelo fato de a Monarquia ter assinado a lei áurea. Os seus engenhos viviam do suor dos escravos.

O Partido Republicano de Sergipe, organizado por Felisbello Freire, em 18 de outubro de 1888, teve apenas 41 adesões. Sylvio Romero foi o delegado nacional do Partido.

Sergipe foi representado no Congresso, por muito tempo, por políticos de fora. Essa vocação é forte até hoje. A nossa autoestima é muito baixa.

A valorização da sergipanidade é recente. Bandeira levantada por Luiz Antonio Barreto, e que continua sobrevivendo nos órgãos de cultura e turismo.

A sergipanidade também é cultivada por meia dúzia de apaixonados, independentes, na qual eu me incluo.

Ao longo da história, Sergipe expatriou os seus filhos. Os chamariscos foram o café no Sul e a borracha no Norte. E ausência de identidade.

Antonio Samarone (médico sanitarista)


 

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