Medidas Sanitárias para quem? (por Antonio Samarone)
A OMS definiu o confinamento e a restrição à circulação das pessoas, como a principal estratégia no combate à Pandemia.
É preciso retardar a disseminação do vírus, para que a rede hospitalar não entre em colapso, no pico da doença. Com isso, pode-se reduzir os casos fatais.
No caso chinês, eles construíram um hospital com mil leitos em oito dias. Na civilizada Itália, tem gente morrendo sem atendimento. Imaginem se no Brasil a doença repetir a mesma velocidade de propagação.
A nossa rede hospitalar já é colapsada para os pobres.
Entendido! A lógica da OMS é clara. Se cada um ficar isolado em sua casa a doença não se propaga, ou o faz mais lentamente. Resta saber como colocá-la em prática.
Eu e minha família já estamos confinados voluntariamente. Nós de classe média, podemos tomar essa decisão, com dificuldades suportáveis. Mas boa parte do povo não pode ficar em casa.
Dona Helena Maria (37 anos), casada, três filhos pequenos na escola, o marido jardineiro desempregado. Moram aqui na Malvinas, sub distrito do Mosqueiro. Helena já trabalhou em minha casa.
Dona Helena é diarista. Faz faxina três dias por semana em casa de família, e no fim de semana trabalha de garçonete num desses bares da Sarney.
Dona Helena me procurou aflita. Samarone, dessa vez eu me lasquei, se não morrer de coronavírus, morro de fome, junto com os meus filhos. Calma Helena, Deus não desampara ninguém.
Dessa vez ele me desamparou. As patroas suspenderam o serviço de faxina, com medo da doença, e o bar que eu trabalhava vai fechar por uns tempo. E agora?
Para complicar, a escola mandou os três meninos para casa. Antes eles comiam na escola e eu nas casas das patroas, agora, além de não ganhar nada, tenho que arrumar comida para quatro.
Betão, meu marido, se vira. Vai pescar, catar massunim, passa o dia na maré.
Vi na televisão que a gente deve ficar em casa. Se ficar em casa eu morro de fome. Por isso vim lhe procurar.
Pensei, eita porra, e eu preocupado porque não encontro onde comprar álcool gel.
Calma minha amiga, de fome você não morre. Pode passar aqui em casa toda a semana, até a Peste acabar.
Fiquei pensando, quantas pessoas estão na situação de Dona Helena e podem ficar mais desamparadas?
A solidariedade pode renascer com a Pandemia ou isso é apenas um devaneio?
Antonio Samarone.
A OMS definiu o confinamento e a restrição à circulação das pessoas, como a principal estratégia no combate à Pandemia.
É preciso retardar a disseminação do vírus, para que a rede hospitalar não entre em colapso, no pico da doença. Com isso, pode-se reduzir os casos fatais.
No caso chinês, eles construíram um hospital com mil leitos em oito dias. Na civilizada Itália, tem gente morrendo sem atendimento. Imaginem se no Brasil a doença repetir a mesma velocidade de propagação.
A nossa rede hospitalar já é colapsada para os pobres.
Entendido! A lógica da OMS é clara. Se cada um ficar isolado em sua casa a doença não se propaga, ou o faz mais lentamente. Resta saber como colocá-la em prática.
Eu e minha família já estamos confinados voluntariamente. Nós de classe média, podemos tomar essa decisão, com dificuldades suportáveis. Mas boa parte do povo não pode ficar em casa.
Dona Helena Maria (37 anos), casada, três filhos pequenos na escola, o marido jardineiro desempregado. Moram aqui na Malvinas, sub distrito do Mosqueiro. Helena já trabalhou em minha casa.
Dona Helena é diarista. Faz faxina três dias por semana em casa de família, e no fim de semana trabalha de garçonete num desses bares da Sarney.
Dona Helena me procurou aflita. Samarone, dessa vez eu me lasquei, se não morrer de coronavírus, morro de fome, junto com os meus filhos. Calma Helena, Deus não desampara ninguém.
Dessa vez ele me desamparou. As patroas suspenderam o serviço de faxina, com medo da doença, e o bar que eu trabalhava vai fechar por uns tempo. E agora?
Para complicar, a escola mandou os três meninos para casa. Antes eles comiam na escola e eu nas casas das patroas, agora, além de não ganhar nada, tenho que arrumar comida para quatro.
Betão, meu marido, se vira. Vai pescar, catar massunim, passa o dia na maré.
Vi na televisão que a gente deve ficar em casa. Se ficar em casa eu morro de fome. Por isso vim lhe procurar.
Pensei, eita porra, e eu preocupado porque não encontro onde comprar álcool gel.
Calma minha amiga, de fome você não morre. Pode passar aqui em casa toda a semana, até a Peste acabar.
Fiquei pensando, quantas pessoas estão na situação de Dona Helena e podem ficar mais desamparadas?
A solidariedade pode renascer com a Pandemia ou isso é apenas um devaneio?
Antonio Samarone.
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