Anauê! 31 de março e a nova
direita brasileira...
Antonio Samarone.
A extrema direita brasileira
abomina a democracia parlamentar, clama pela volta da ditadura; tem calafrios
diante da ideologia dos direitos humanos, cobra à repressão, pena de morte,
redução da maioridade penal, imediata criminalização dos movimentos sociais e a
limitação das manifestações e atos, tratados como vandalismo.
Na Europa, o principal inimigo da
extrema direita é o estrangeiro, as minorias étnicas, imigrantes, muçulmanos,
asiáticos, sul americanos, numa xenofobia irracional, justificada pela defesa
de supostas identidades nacional. Outra distinção, é que a extrema direita europeia
convive com a democracia parlamentar e aceita disputar o poder através do voto,
pelo menos até agora. Bem votados nos últimos pleitos na França, Áustria, Suíça
e Finlândia.
No Brasil, esse ódio da extrema
direita cabocla é devotado aos pobres, atribuindo parte de nossas mazelas as tímidas iniciativas de distribuição de renda (bolsa família, salário mínimo, cotas,
reforma agrária, quilombolas, colônias de pesca, e outros direitos sociais). A
emergência de uma numerosa “classe C”, entupindo as ruas com os seus veículos
(crédito fácil), abarrotando os aeroportos, consumindo os Smartphone e as tela
planas, se tornou insuportável para eles, passando a ser apontada como a
principal responsável pela queda na qualidade de vida de setores médios tradicionais.
A nova extrema direita
brasileira, gestada entre os setores médios com formação universitária, alimenta
um profundo desprezo pelo Brasil, por sua gente, e suas raízes. Ideologicamente,
colonizados pelos valores e modos de vida dos países centrais, atribuindo valores
de excelência, de forma acrítica, a tudo o que é ou vem de fora. Uma contradição
acintosa, lá, eles também são tratados com uma zelosa desconfiança.
A confusão da nova direita advém
da mistura do Governo petista com o Brasil. Ao não aceitar as mazelas do PT,
passa a rejeitar o Brasil. Fica cada vez mais evidente, apesar dos avanços, que
a tentativa do PT em fazer a integração social pelo consumo não deu certo,
carece de sustentabilidade. Mudar o país sem mexer na infraestrutura, abandonando
a escola pública, sem enfrentar os privilégios das elites, fazendo conchavos e
concessões inaceitáveis, sem um duro combate a corrupção e descambando
ultimamente para um populismo viciado, nunca deu certo na América Latina.
Qual é o problema? O país marcha
para o agravamento da atual crise social, aumento da violência, falta de
governabilidade, deterioração dos serviços públicos, etc. O projeto liderado
pelo PT esgotou-se, chegou ao fundo do poço, contaminado pelo mau cheiro da
corrupção. Só que a extrema direita não tem projetos para o Brasil, pura e simplesmente
advoga a supressão das liberdades como saída. Qualquer tentativa em conduzir o
país excluindo a maioria da população levará ao aumento da violência e ao agravamento
dos conflitos. O nosso caminho passa obrigatoriamente pela redução das
desigualdades sociais e pela inclusão de todos numa sociedade mais justa e
tolerante. É urgente encontrarmos essa saída...
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