O Tribunal do Júri em Itabaiana.
(por Antonio Samarone)
(por Antonio Samarone)
Pedro de Rita foi atacado numa estrada deserta, no meio da noite, em plena escuridão. No desespero, sacou de uma faca e golpeou o agressor. O golpe foi fatal, atingiu o coração do desconhecido.
Preso, levado a julgamento popular, Pedro foi interrogado pelo Juiz de Direito, Dr. João da Silva Melo, e usou como principal argumento a tese de legítima defesa. “Doutor, fui pego de surpresa, tomei um susto, senti que forasteiro queria me matar. Instintivamente, me defendi. Para não morrer, saquei de uma faca e apliquei um contra golpe.”
O Doutor Juiz ponderou: “E precisava matar? Por que o senhor não deu a facada em outro lugar, escolheu logo o coração.”
Pedro de Rita tomou a pergunta como descabida e retrucou: “O Senhor acha mesmo eu que deveria ter riscado um fósforo para alumiar e escolhido outro lugar para enfiar a faca?”
O Juiz se calou pensativo.
Esse argumento de Pedro de Rita em sua defesa, foi o mesmo usado pelo Rei Édipo, acusado de parricídio, de ter matado o Rei Laio, seu pai: “Por acaso, se fosses agredido por um desconhecido numa estrada deserta, iria, antes de se defender, indagar se aquele homem era o seu pai?”
Os dois fatos são reais, o de Pedro de Rita, contado por Tonho de Dóci, em seu livro, "História de uma Paixão", e o do Rei Édipo, contado por Sófocles, em "Édipo em Colono". Apenas modifiquei os personagens centrais da narrativa itabaianense.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
Nada como a pureza e naturalidade de uma resposta verdadeira!
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