segunda-feira, 7 de setembro de 2020

SETE DE SETEMBRO


Sete de Setembro.
(Por Antonio Samarone)
No Grito do Ipiranga, o Imperador apresentou duas opções: Independência ou Morte! Nesses tempos pandêmicos, fica claro que o Brasil optou pela morte.
Os negacionismos, em suas diversa matizes, é uma comprovação.
Somos uma Nação onde a vida vale pouco. Aliás, sempre foi assim. A violência era encoberta com o manto da hipocrisia. Hoje, a intolerância foi assumida e é até exaltada. O ódio passou a ser pregado em praça pública.
Antes, existia uma esperança de saída, um sopro de solidariedade. O Natal sem Fome do Betinho, foi um bom exemplo. Hoje, até a defesa dos direitos humanos é condenada.
Vivemos tempos sombrios!
Vou continuar pregando no deserto. A Peste não acabou, longe disso. O que está arrefecendo é a sua forma aguda, a sua etapa epidêmica. Entretanto, a sociedade brasileira cansou do assunto, e não quer mais saber.
Me desculpem, não comungo com a visão otimistas de que estamos saindo da crise, que o pior já passou. Não! Precisamos de união, ideias e muita luta, para enfrentarmos as carraspanas que estão no horizonte.
Não estou falando apenas do campo da Saúde Pública, onde o prognóstico não é bom. Falo do conjunto da vida, dos lampejos de civilização que nos restas. Falo do desemprego e do aumento das desigualdades sociais. Falo do destino da escola pública.
Na Saúde Pública, os efeitos da passagem da Peste estão sendo devastadores. Já ouvi colegas experientes em diversas áreas. Todos assustados, prevendo dificuldades.
Já ouvi, em LIVES no Instagram, Almir Santana sobre as Ações Coletivas, Antonio Lima sobre os Transtornos Mentais e Antonio Claudio sobre a Saúde dos Idosos.
Ouvi outros pensadores: Jorge Carvalho sobre educação, Neu Fontes sobre a Cultura, Alexandre Porto sobre a economia, Rogério Proença sobre a psico-política e Ricardo Mascarello sobre o urbanismo.
Todos enxergando dificuldades.
Existe uma unanimidade: os nossos governantes não estão à altura da crise. A sociedade precisa reagir!
Amanhã (08/09) será vez do Oncologista William Soares, falar sobre as Neoplasias. Quais as mudanças na epidemiologia do Câncer, com a passagem da Peste?
Na Saúde tem um agravante. O IBGE acaba de publicar uma pesquisa demostrando a importância do SUS, no enfrentamento da Peste, mesmo um SUS maltratado. Vamos precisar muito do SUS daqui para frente.
Qual é o maior entrave?
A Emenda Constitucional 95 congelou os recursos federais para a Saúde por 20 anos, até 2036. É essa discussão que ouvimos na TV, sobre o teto do orçamento. Não faço populismo, não é uma questão de fácil solução.
Durante a fase aguda da Peste, criou-se um necessário “Orçamento de Guerra”, em outras palavras, abriu-se os cofres, gastou-se sem ter, tomando-se emprestado.
Governadores e Prefeitos nadam em dinheiro para a Pandemia, nem sempre bem utilizados. Teve até quem metesse a mão.
Quem vai pagar essa conta é a sociedade! E aí está o impasse: aumentar impostos ou reduzir os serviços prestados a população? Outra alternativa seria reduzir os ganhos do mercado financeiro, contrariar os interesses do deus mercado.
Não existem saídas indolores.
Independência ou Morte!
Antonio Samarone (médico sanitarista)

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