sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

A AGRICULTURA ORGÂNICA É POP

A Agricultura Orgânica é Pop.
(por Antonio Samarone)

A produção agrícola sem agrotóxicos, em Sergipe, começou a partir de 1985. O engenheiro-agrônomo Paulo Viana, diretor da EMATER, levou 4 camponeses do agreste (Itabaiana, Areia Branca e Malhador), para uma capacitação em São Paulo.

Na rápida passagem pela Prefeitura do Aracaju (1985), o itabaianense José Carlos Teixeira criou feiras dos produtores, nos bairros da Capital, sob a inspiração do revolucionário Rosalvo Alexandre. Foi um estímulo para as mudanças.

A AEASE, sob a liderança de Paulo Viana, montou uma feira orgânica no espaço físico da sua bem localizada sede. Os consumidores foram aparecendo. Primeiro, a classe média.

Em 1986, João Alves Filho criou a barragem da Ribeira, gerando mais um polo de desenvolvimento agrícola em Itabaiana. A água estava na roça dos ceboleiros. Confesso que os campos verdes irrigados, gerando riqueza, me tocam emocionalmente.

Entre os agricultores que empunharam a bandeira da produção agrícola, sem o uso de agrotóxicos, um se destacou: Lelé de Rola (foto), na comunidade do Junco.

Manuel Messias Menezes Costa (Lelé), 76 anos, filho de José Fulgêncio Costa (Rola, um barbeiro popular, da Rua do Futura), e Dona Laudicéia da Lapa Menezes. Na juventude, Lelé foi sapateiro e jogador de futebol (uma revelação do Itabaiana).

No início da década de 1980, Lelé, com o casamento, se mudou para o povoado Junco, terra de sua esposa, com uma ideia na cabeça: produzir hortaliças sem o uso de agrotóxico. As condições apareceram. O junco possuía 27 casas, hoje tem 700.

Fundaram a Associação de Produtores Orgânicos do Agreste, hoje presidida por Zé de Rufino, do Malhador. A Associação possui dois locais de vendas: na Rua Treze de Maio, em Itabaiana, e na Avenida Francisco Porto, em Aracaju.

O povoado do Junco é a capital brasileira do coentro. Diariamente, cinco caminhões de coentro e alface, descarregam, a partir de meia-noite, no Mercado das Sete Portas, em Salvador. Claro, a Serra comprida, o Boqueirão e a Mangabeira, também produzem.

A Matapuã é a capital do couve.

Itabaiana já alimentou o Recôncavo Baiano de carne bovina (século XVII e XVIII), de farinha de mandioca (séculos XIX e XX), e de coentro e alface (século XXI).

Chico das Verduras disse-me, com um certo orgulho, sobre o Junco: “aqui não têm ricos, nem pobres, ninguém desocupado, ninguém passando fome ou sem ter onde morar.”

No Junco, dorme-se de portas abertas. O povoado possui duas academias fitness, farmácia, supermercado, escolas e unidade de saúde. Essa realidade se espalhou por vários povoados da Região.

Não vi polícia! Não precisa!

Entre os trabalhadores, Lelé de Rola (foto) foi o pai da agricultura orgânica, em Sergipe. O ecoturismo, precisa desses agricultores que produzem saúde.

Apesar de não se conhecer pragas que afetem o coentro, ele é produzido pela agricultura convencional. Parece que o coentro é parente do Nim indiano. Isso é chute, que os botânicos me corrijam.

O coentro é uma produção manual e, em 45 dias, ele já está pronto para a comercialização. As safras têm sido generosas.

Antonio Samarone - Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

O SALÃO DOS NEGROS

O Salão dos Negros.
(por Antonio Samarone)

Itabaiana passou as primeiras décadas buscando ouro e prata nas Serras. O sonho de Belchior Dias perdura, a crença no ouro virou lenda. O carneiro de ouro já foi visto. Até os holandeses esgravataram a Serra de Itabaiana em busca de ouro.

“Quão florescente ficaria Itabaiana se nas suas serras banhadas de cristalinos regatos se abrissem novas minas de ouro! Quantos colonos viriam habitar em sua vizinhança! Que lucrativo comércio para as vilas circunvizinhas por terem maior consumo os gêneros de sustento e vestuário!” – Padre Marcos Antonio de Souza (1808).

Finalmente, o ouro foi descoberto. O ouro do Parque Nacional Serra de Itabaiana é o seu potencial para o ecoturismo. Uma mina inesgotável de riqueza.

A questão não é nova. No final da década de 1930, Florentino Menezes movimentou Sergipe com a ideia da potencialidade turística da Serra de Itabaiana. Caravanas da elite aracajuana peregrinaram pela Serra, em busca do paraíso. A proposta era reforçada pelas vantagens sanitárias do clima. A serra é um sanatório natural.

Os projetos evanesceram.

Há vinte anos (2005), o Governo Federal Criou o Parque Nacional Serra de Itabaiana. Entre os objetivos previstos no Decreto está o Ecoturismo. 95% da área do Parque ficam em Itabaiana e Areia Branca. A hora chegou.

Outros Parques Nacionais (Chapada dos Veadeiros, Serra da Canastra, Itatiaia, Chapada Diamantina), convivem pacificamente com o Turismo Sustentável. Em Sergipe, o ecoturismo foi substituído por uma visitação desordenada.

O Ecoturismo são ações coordenadas por agências cadastradas no Parque, por comunidades locais capacitadas, por guias e condutores especializados, gerando emprego e renda, aquecendo a economia local. O ecoturismo é fonte fortalecedora do desenvolvimento.

Itabaiana e Areia Branca serão as grandes beneficiadas.

O Parque Nacional Serra de Itabaiana tem um potencial de trilhas, riachos, cachoeiras, cavernas, fauna e flora, dois ecossistemas (mata atlântica e caatinga), comunidades preparadas para recepcionar os visitantes, comida caseira, áreas de caseira, artesanato e pistas de voo livre.

Em minha juventude, eu só conhecia o Salão dos Negros e o Poço das Moças (foto).

O Instituto Parque dos Falcões, em si, já é uma atração internacional.

Itabaiana e Areia branca montarão a infraestrutura de hotelaria e restaurantes para bem atender aos visitantes.

O potencial turístico do Parque Nacional é um presente divino, que não podemos continuar ignorando.

Uma feliz coincidência: Itabaiana é a cidade dos milagres e a devoção a Santa Dulce é pujante. Está em andamento a construção de um Santuário esplendoroso para a Santa, com estrutura para o acolhimento de milhares de devotos. Ao mesmo tempo, se constrói um cenário para encenação da semana santa, nos moldes da Nova Jerusalém, em Pernambuco.

O turismo religioso é irmão do ecoturismo. Itabaiana possui todas as condições para essa viagem: um comando político esclarecido, muita fé, muitos investidores, raízes culturais profundas e uma população religiosa e amante do meio ambiente. O Parque Nacional está na alma do Itabaianista.

Para facilitar, os dois municípios (Itabaiana e Areia Branca) onde 96% do Parque Nacional está localizado, possuem a mesma orientação política. Em Sergipe, a direção do ICMBio é competente e moderna.

Vamos abrir esse debate?

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

sábado, 25 de janeiro de 2025

VELHAS NOVIDADES.

Velhas Novidades.
(por Antonio Samarone)

Ontem, recebi um telefonema de um amigo, que eu não via há anos. “Preciso falar com você, sobre política”, ele foi direto. Eu aceitei de imediato: marcamos um café numa livraria, no final da tarde do mesmo dia.

Fiquei inculcado: do que se trata? O amigo é um intelectual de bata longa, Doutor em Direito, professor, ex Presidente da OAB, Vice Prefeito do Aracaju. Um brizolista de raízes profundas.

Certa feita, há anos, visitei-o em seu apartamento, no centenário Ed. Villa D”oro e, em cima da mesa de estudos, estava aberta a Ilíada, de Homero. Toda marcada à lápis, comprovando a leitura. Um homem que lê Homero, é um erudito inquestionável.

Ontem, no encontro, ele começou a conversa falando sobre a visão de Kant, sobre o conhecimento. “Existe um conhecimento empírico, fruto da realidade e outro transcendental, que nasce do espírito humano.” Baixei a crista e limitei-me a ouvi-lo.

O doutor continua rebelde, barbudo aos 70 anos, recriando as utopias. Somos da geração de 1954, ano do suicídio de Vargas. Uma geração que queria mudar o mundo. Não deu certo!

A classe operária desistiu do Paraíso.

Confesso que estou pessimista sobre o futuro do Brasil. Quando o Presidente da maior potência militar do mundo proclama o fascismo, sem meias palavras, a realidade será hostil. Uma Era de violência se aproxima.

Já se conhece o final das aventuras fascistas: Guerras! Dessa vez, uma guerra nuclear.

O Governo de Lula não apresenta alternativas, não tem um projeto para o Brasil, segue ordeiramente o receituário neoliberal, na íntegra. A esquerda está em declínio. Um Ministro sergipano postou eufórico nas redes sociais: “ainda estamos aqui”, referindo-se ao poder federal. Até quando?

A conversa andava, tomamos um cafezinho, e eu ficando curioso: quais os Planos Políticos do meu amigo, Carlos Alberto Menezes?

Qual a saída? Como evitar o tsunami fascista, que em 2026 pode cobrir o Brasil?

O meu amigo foi didático e confiante: “vamos recriar o PTB de Getúlio Vargas, de Brizola e de Jango.” Eu nem sabia que o PTB de Roberto Jeferson (preso) tinha acabado. Na verdade, o PTB fundiu-se com o Patriota, nascendo o PRD, Partido da Renovação Democrática, que eu desconheço.

O meu amigo continuou: “a sigla do PTB ficou órfã, sem donos. Um grupo nacional de verdadeiros Brizolistas, resolveu ressuscitar o PTB de Vargas. Estamos colhendo as assinaturas.”

Senti-me envergonhado da minha desesperança. Estava ali, diante de um homem crente no futuro, sem interesse pessoal, movido pela ideologia, empunhando a bandeira do verdadeiro trabalhismo.

Quem sabe, no Brasil o futuro pode ser o passado.

“Bota o retrato do Velho outra vez/ Bota no mesmo lugar/ O sorriso do Velhinho faz a gente trabalhar.”

Antonio Samarone. Médico sanitarista.
 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

O PARQUE NACIONAL


O Parque Nacional.
(por Antonio Samarone).

O Parque Nacional Serra de Itabaiana, foi criado em 15 de junho de 2005. Está completando 20 anos. Com uma área 7.966 há, cobre cinco municípios sergipanos. Entretanto, 95% do Parque fica nos municípios de Itabaiana e Areia Branca (Município criado em 1963).

O Parque foi criado visando a preservação do ecossistema (Mata Atlântica e Caatinga), realização de pesquisas cientificas, educação ambiental, recreação e turismo ecológico sustentável. O Parque é de posse e domínio público.

Dos objetivos previstos, houve uma redução no desmatamento e a recreação é ativa e muito procurada (40 mil visitante ano). O Poço das Moças é o local mais visitado. Sobre o turismo sustentável, ainda paira um profundo preconceito. Se sabe, que o turismo ecológico é parceiro do preservacionismo.

A Serra de Itabaiana é o melhor local para o exercício do voo-livre e de parapente do Nordeste. O salto é em direção a Areia Branca, zona de Barravento. Aliás, já existe um locar preparado na Serra do Bauzinho. Para quem não se lembra, fica por trás da Casa do Doce. Um local de 360º de visão, onde se assiste, ao mesmo tempo, o por do Sol no Sertão e o nascimento da lua no mar. Lá, o sertão já virou mar e o mar já virou sertão;

Ressalte-se a existência do Instituto Parque dos Falcões. Único Santuário dedicado à conservação das Aves de Rapina, na América do Sul.

O Brasil possui apenas 71 Parques Nacionais, sendo um em Sergipe. Existem 15 Unidades de Conservação em Sergipe: no âmbito Federal, o Parque Nacional Serra de Itabaiana, a Floresta da Ibura e a Reserva Biológica Santa Isabel.

Reservas estaduais, a Grota do Angico, a Mata do Junco, APAs da foz do Vaza Barris, da Ilha do Paraiso, APA do litoral Norte e APA do litoral Sul.

Reservas municipais: cinco APAS (Morro do Urubu, Foz do Vaza Barris, Lagoa do Frio e o Parque Ecológico Tramanday (ainda existe?).

Reservas particulares (RPPN) federais: Fonte da Bica, Pedra Urça, Dona Benta, Bom Jardim, Lagoa Encantada (Morro da Lucrécia) e Campos Novos. A reserva do Caju, é administrada pela EMBRAPA.

Voltemos a maior Unidade de Conservação de Sergipe, o Parque Nacional Serra de Itabaiana, sobretudo, sobre as suas potencialidades de Turismo Ecológico. Os municípios de Itabaiana e Areia Branca tinham muito a ganhar, em seus desenvolvimentos sustentáveis.

Em Itabaiana, vicejam as manifestações de fé. Uma cidade nascida com a Igreja. A Freguesia de Santo Antonio e Almas (1675), está completando 350 anos. O arquétipo do milagre é dominante. Qualquer evento improvável, de causa desconhecida, é imediatamente atribuído a um milagre. “Só pode ter sido milagre”, grita o inconsciente coletivo.

Nasceu em Itabaiana uma onda de devoção à Santa Dulce dos Pobres. Os fieis buscam a Igreja para a construção imediata de um Santuário. Ao mesmo tempo, será um salto no aprofundamento da fé cristã e a criação de um polo de desenvolvimento do turismo.

Em Garanhuns, Pernambuco, o turismo religioso explodiu com as comemorações planejadas das festas natalinas. Em Garanhuns, já existia o Festival de Inverno. Não precisamos mais ir ao Natal na Serra Gaúcha, em Gramado. Em Garanhuns, ganhou a Igreja e o município. Os exemplos proliferam pelo País.

Itabaiana (e Areia Branca) se preparam para o florescimento do turismo religioso e do Ecoturismo. Tem tudo para dar certo: a religiosidade do povo, gente devota disposta a investir, uma igreja católica moderna, um bispo piedoso e arejado e um poder político local voltado para o futuro e o bem-estar da população.

A fé é transbordante e o Parque nacional é majestoso. As condições objetivas estão postas.

O turismo religioso do Juazeiro do Padre Cícero é feito em parceria com o uso sustentável da Floresta Nacional do Araripe, a primeira do Brasil. O turismo religioso ambiental é uma combinação perfeita, salva-se o corpo e a alma.

Itabaiana, cidade dos milagres.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

O CHORELA MORBUS EM PROPRIÁ (1862).


 O Cholera Morbus em Propriá (1862).
(por Antonio Samarone).

O cólera dessa vez veio de Pernambuco. Em 22 de agosto de 1862, a Peste se manifestou no povoado Curralinho, com dois óbitos. O primeiro caso em Propriá, ocorreu em 30 de agosto.

A Província, dessa vez, estava mais preparada. O flagelo de 1855, ficou marcado. Desde março, cinco meses antes, a Província havia sido dividida em distritos médicos, nomeando-se pessoas caridosas para as cidades, vilas e povoados. Todos instruídos do que fazer antes, durante e depois da Peste.

As autoridades da Província distribuíram uma cartilha com todos os fazendeiros e proprietários, com professores, padres, pessoas alfabetizadas, com as recomendações preventivas contra o Cólera, as formas de uso dos medicamentos, dietas e resguardos. A Província de Sergipe estava mais precavida, e os flagelos dessa segunda epidemia foram bem menos funestos e assoladores que os estragos da Peste de 1855.

Mesmos com todas as precauções, a Peste se disseminou. O Dr. Leopoldo, residente em Propriá, não deu conta sozinho. Tentou-se a ajuda do médico de Divina Pastora, Dr. João Paulo Vieira da Silva, que não pode.

Na emergência, o Presidente da Província encaminhou para Propriá o cirurgião do corpo de saúde do Exército, Dr. Manoel Antunes de Salles.

Com o avanço da epidemia de Cólera em Sergipe, a Bahia mandou ajuda: médicos e medicamentos. De imediato, dos chegados da Bahia, o Dr. Egas Muniz Barreto Carneiro, foi encaminhado para Propriá.

O Dr. Joaquim Jacintho de Mendonça, Presidente da Província informou:

“Para evitar latrocínios, que outrora, em crises semelhantes, apareceram na Província; e para fazer guardar com toda a regularidade das “inhumações” (sepultamentos), pus a disposição do Juiz de Direito os praças do destacamento da cidade, como aumentei o efetivo e enviei um capitão do corpo efetivo da polícia.”

“Finalmente, para que nada faltasse aos infelizes enfermos, fui diligente ao remeter suprimentos de remédios, roupas, carapuças, tamancos, baetas e gêneros alimentícios, bem como 1:200$000 reis em dinheiro.”

O ano de 1862 foi trágico para Sergipe, além das mais de 600 vítimas fatais do Cholera, na cidade de Propriá, entre eles, o próprio Juiz de Direito, Dr. Antônio Rodrigues Navarro de Siqueira, falecido em 22 de janeiro de 1863.

Segundo relatório do Inspetor de Saúde Pública da Província, Dr. Francisco Sabino Coelho de Sampaio, nesse ano de 1862, também ocorreu uma epidemia de febre-amarela em Sergipe, com mais de 400 óbitos. O estado sanitário da província de Sergipe era apavorante, na segunda metade do Século XIX.

Destacou o Inspetor de Saúde Pública: “O Cholera Morbus, esse monstro surgido das águas do Ganges, morador inseparável de suas margens empestadas, flagelo, que os céus em sua justiça arrojarão à terra para punir-nos, assaltou vorazmente toda a Província, e saciou a sua voracidade”.

Antonio Samarone. Médico sanitarista.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

ANJOS DA PÁ VIRADA.

Anjos da pá virada.
(por Antonio Samarone)

O ser humano é o único que sabe que vai morrer e, por isso, sente um vazio existencial. A busca pelo sentido da vida é a condição humana fundamental. “O homem tem um vazio do tamanho de Deus. Uma lacuna divina”. – Camus.

Até a década de 1970, a centenária Paróquia de Santo Antonio e Almas era única em Itabaiana.

O crescimento do rebanho exigia novas paróquias. O Arcebispo Luciano Duarte, percebeu a necessidade. Identificou uma área carente, próxima as casas de licenciosidades. Mães solteiras, alta natalidade, mortalidade infantil escandalosa. Dom Luciano criou a Paróquia de Nossa Senhora do Bom Parto.

A nova Paróquia foi instalada em 01 de janeiro de 1991. Inicialmente, na Igreja São Luiz, no bairro Campo Grande. Em seguida foi comprado um sítio, onde funcionava o Bar Mangueirão, e a atual Igreja inaugurada em abril em 1992.

A Igreja comprou um sítio abandonado, próximo a caixa d’água, onde construiu a atual Matriz do Bom Parto. Conta a lenda, que as árvores centenárias do terreno (ao lado do Bar da Mangueirão), foram derrubadas por uma ventania, sobrou um frondoso tamarineiro.

Dom Luciano, convidou para assumir a nova paróquia de Itabaiana, o recém ordenado Padre, Valtewan Correia Cruz, hoje, vigário-geral da Arquidiocese e Reitor do Santuário Eucarístico Nossa Senhora Menina.

Um presente para Itabaiana: o Padre Valtewan é um iluminado, a soma de erudição e humildade. Dom Luciano consagrou Nossa Senhora do Bom Parto, Co padroeira de Itabaiana. A festa é comemorada na última quinta-feira de janeiro, feriado municipal.

No início, a festa foi comemorada em 18 de dezembro. Convenhamos, o comercio de Itabaiana reagiu: Um feriado por semana: 08 de dezembro, Nossa Senhora da Conceição, dia 18, Nossa Senhora do Bom Parto, Natal e Ano Bom. Depois acertaram, e o feriado de Nossa Senhora do Parto, ficou para a última quinta feira de janeiro.

A Paróquia deixou a Capela São Luiz, no Campo Grande, para a atual e bela Matriz em 1972. É a maior igreja da cidade, com cerca de 800 lugares sentados.

A Paróquia do Bom Parto começou em boas mãos. A evangelização era conjunta com um trabalho social. Mensalmente, era realizada uma missa do bom parto, voltada para as gestantes carentes, onde se distribuía insumos necessários as mães e as futuras crianças. Se doava enxovais.

No início, uma senhora de São Miguel do Aleixo teve uma gravidez de alto risco, vista pelos médicos com um prognóstico sombrio. Desenganada, ela começou a frequentar a missa do bom parto. No final deu tudo certo, ela teve um nenê saudável e um bom parto. O casal cumpriu uma promessa, vindo a pé do Aleixo, e o marido carregando uma cruz.

A fama de Itabaiana ser a cidade dos milagres vem de longe. O fato do primeiro milagre de Santa Dulce ter sido em Itabaiana, não foi novidade.

Ficou claro a escolha de Santo Antonio para a sua primeira visita, nas comemorações dos 350 anos. O padre Marcos Rogério conhece a história de Itabaiana. A Igreja de Nossa Senhora do Bom Parto é um paraíso de fé, onde os milagres acontecem.

São milagres baseados em evidências metafísicas. A razão e a lógica não oferecem repostas a angustia existencial.

Na terça-feira, dia 21, o Glorioso Antonio vai em procissão a Paróquia do Bom Parto, acompanhado da centenária Filarmônica, iniciando as comemorações do ano jubilar. 350 anos!

A Filarmônica Nossa Senhora da Conceição é filha da Igreja, foi criada como Orquestra Sacra em 1745, pelo padre Francisco da Silva Lobo.

A Paróquia de Nossa Senhora do Bom Parto, a segunda de Itabaiana, seguiu a tradição de Santo Antonio, com os milagres. As redes sociais são repletas de depoimentos sinceros de devotas que receberam alguma graça.

Cheguei a pensar que a consagração da Paróquia a Nossa Senhora do Bom Parto, tinha sido uma deferência de Dom Luciano a Virgem Negra de Paris, a primeira imagem de Nossa Senhora do Parto no Mundo, venerada na antiga Igreja de Saint-Etienne-des-Grès. Dom Luciano foi doutor por Sorbonne.

Entretanto, as razões foram mais sublimes. A primeira Paróquia sergipana consagrada a Nossa Senhora do Parto, teve uma razão social: dar assistências espiritual as mães solteiras de Itabaiana.

Hoje, a Paróquia de Nossa Senhora do Bom Parto é bem conduzida pelo padre Rinaldo Resende Cardoso, um buraqueiro de Porto da Folha, um sacerdote piedoso e esclarecido. Um sábado por mês, é realizada uma missa de benção das mulheres grávidas. Claro, a Saúde Pública continua fazendo o pré-natal.

O nascimento é bem mais que um ato médico. É a nossa chegada ao mundo. É o nosso primeiro protesto: somos a única espécie que nasce gritando, aos berros. Choramos inconformados ao descobrirmos a nossa impotência: nem andamos, nem nadamos, nem voamos, nem comemos sozinhos.

Antes, as crianças nasciam de olhos fechados, em camarinhas escuras, para se evitar o choque da claridade do mundo. Hoje, nascem com um iPhone em mãos.

Santo Antonio escolheu bem a sua primeira visita, em comemoração aos 350 anos.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura.
 

sábado, 18 de janeiro de 2025

BODEGAS ANCESTRAIS - SEU FLORIANO.

Bodegas Ancestrais - Seu Floriano.
(por Antonio Samarone)

Para quem não alcançou, as bodegas (foto) eram os atuais mercadinhos. Os Armazéns de Secos e Molhados vendiam no atacado e para os mais ricos; e as bodegas, quase uma por esquina, vendiam ao povo. Quem tinha crédito, comprava fiado. Tudo anotado numa caderneta, que ficava de posse do freguês.

A Caixa Econômica Federal imitou as bodegas de Itabaiana e criou a caderneta de poupança. As nossas cadernetas eram de dívidas.

Quem não sabe os porquês dos mercadinhos Itabaiana dominarem Sergipe, desconhece a nossa tradição de grandes bodegueiros.

Na esquina da Rua da Pedreira, com a Rua de Macambira, tinha a bodega de Seu Floriano. Um sertanejo de bigodes brancos, que fumava um cigarro Astoria, o mais barato da Souza Cruz, até o talo. Ele equilibrava a cinza, até a biana, sem cair. O bigode de Seu Floriano era encardido do sarro do Astoria.

Uma bodega de três portas, pequena, que tinha de tudo. Um das mais sortidas.

Foi na bodega de Seu Floriano que saboreie a minha primeira espécie, um doce árabe, de amendoim e pimenta do Reino. Os dicionários chamam esse doce de paçoca. Esses gramáticos estão enganados, nunca comeram as espécies de Seu Floriano. O cheiro, a consistência e o sabor são outros. A minha memória guarda os segredos dessa delícia: a espécie de Seu Floriano.

As bodegas vendiam de tudo: velas, pavios e querosene. Cravo, canela, sabão, sal e açúcar. Ovilon, pomada Minâncora, guaiacol e sonrisal. Bucha de prato, ralo e candeeiro. Farinha, aipim, pão dormido, bolachão e bolacha fofa. Pichilin e noz-moscada.

Na bodega de Seu Floriano nunca faltava uma manta de jabá, em cima do balcão. Misturada com um rolo de fumo. Quando se bebia uma casca de pau (angico, millone), naqueles copos de fundo grosso, se pedia um tira- gosto de jabá crua.

Entretanto, as bodegas tinhas as suas especializações, que as distinguiam. A bodega de Seu Floriano tinha os melhores charutos da cidade. Do Cohiba cubano aos mata-ratos. Do Suerdieck aos charutos Walkyria, da Estância.

No Beco Novo, o farmacêutico Flodoaldo ensinou usar a cinza do charuto mata-ratos como remédio, para a tinea corporis (as impinges). Era um santo remédio. Era só espalhar a cinza do charuto por cima da lesão.

Em Itabaiana, fumar charuto já foi moda: de Zeca Mesquita a Nilo Base. Hoje, desconheço quem fume charuto. Se alguém fuma é escondido. Por sorte, a indústria farmacêutica já inventou outros remédios para as impinges.

Quando passo pelos Mercadinhos Itabaiana, todos bem sucedidos, me lembro de Seu Floriano.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura.
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

AS PEREGINAÇÕES DO PADROEIRO - ITABAIANA, 35O ANOS.

As Peregrinações do Padroeiro. Itabaiana, 350 anos.
(por Antonio Samarone)

Por tradição, Santo Antonio é um santo guerreiro, demiurgo e andarilho. A Paróquia de Santo Antonio e Almas inicia as comemorações dos 350 anos, no dia 21 de janeiro.

As comemorações do ano jubilar será conjunta com o município e com a Filarmônica Nossa Senhora da Conceição. Em Itabaiana, a Igreja chegou antes da Coroa. A Freguesia é de 1675 e a Câmara Municipal é de 1697. Itabaiana nasceu oficialmente com a instalação da Freguesia (Paróquia).

A Filarmônica Nossa Senhora da Conceição foi criada pelo Padre Francisco da Silva Lobo, como Orquestra Sacra, em 1745. Está completando 280 anos. A comemoração será tripla: Paróquia, Filarmônica e Município.

O Glorioso Antonio vai agradecer os 350 anos de devoção, percorrendo o seu território original. Vai às paróquias de Itabaiana e dos municípios originários. No dia 08 de fevereiro, vai à Paróquia de Nossa Senhora da Boa Hora e São Roque, em Campo do Brito.

No dia 21 de janeiro, a imagem centenária de Santo Antonio sairá as 18h20min da Matriz, em procissão, acompanhada da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, até a Igreja de Nossa Senhora do Bom Parto, onde acontecerá a primeira novena festiva. Santo Antonio permanecerá nessa Igreja até o dia 24 de janeiro.

Os 350 anos será comemorado durante o ano, tendo o seu ápice em 30 de outubro, data da criação da Freguesia, e 08 de dezembro, aniversário da Filarmônica.

A Prefeitura de Itabaiana está planejando, ao lado da Academia Itabaianense de Letras, a realização da maior Bienal do Nordeste, a Bienal dos 350 anos, uma tradição literária da Cidade.

Nos próximos dias, iremos procurar as entidades da Sociedade Civil (Rotary, Maçonaria...), as organizações empresariais e sindicatos de trabalhadores, as entidades culturais, e rede de educação (pública e privada), a todos os interessados em participar do ano jubilar, para juntar-se nessa grande jornada cívica.

Itabaiana vem de longe, segue em frente e caminha rápido. Itabaiana lidera o Agreste Sergipano, principal polo de desenvolvimento do Estado de Sergipe.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura.
 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

CAMPO DO BRITO.

Campo do Brito. (por Antonio Samarone)

“A cultura é a consciência de uma civilização.” Noberto Bobbio.

A história de Sergipe, de Felisbelo Freire ao final do século XX, tratou do litoral (Aracaju, Estância e São Cristóvão) e da região açucareira (Laranjeiras, Capela, Japaratuba...). O Agreste e o Sertão foram esquecidos. Na Cultura, essa divisão do Estado é mais acintosa.

Os Intelectuais da cultura ignoram o Agreste sergipano. Essa era uma preocupação de Luiz Antonio Barreto. Amanhã, o 50º Encontro Cultural de Laranjeiras vai homenagear Luiz Antonio. Palmas!

Ontem, cruzei o Riacho das Traíras e fui a Campo do Brito. Apenas a 8 km de Itabaiana. Segundo Almeida Bispo, historiador, o Brito Velho foi um Arraial construído às margens da Estrada Real, Salvador/Olinda, ainda no século XVII.

O nome Campo do Brito, liga-se a Manuel Pestana de Brito, Capitão-Mor, que arrendou terras na região, para criação de gado. Pestana de Brito liderou a revolta dos curraleiros (1646). Eram as terras do Capitão-Mor, o Campo do Brito. O Brito é o Pestana.

Campo do Brito já constava nos mapas dos holandeses (1646).

A Freguesia de Campo do Brito foi criada em 30 de janeiro de 1845. É antiga. A atual igreja, foi construída em 1893. A cidade possui dois padroeiros: São Roque, protetor das epidemias, e Nossa Senhora da Boa Hora.

A autonomia e separação de Campo do Brito de Itabaiana (1912) foi conflituosa. Desde 1888, o padre Francisco Freire de Menezes, culto e competente, foi nomeado para a Freguesia do Brito. O movimento separatista começou a germinar.

O chefe político de Itabaiana, Batista Itajay, foi eleito vice governador de Rodrigues Dória (1908-1911). O governador entrou de licença e deixou uma carta de renúncia assinada, com a seguinte orientação: se eu não quiser mais voltar, eu aviso, e você entrega a minha renúncia e assume. E viajou.

O cão atentou Batista Itajay, e ele entregou a renúncia por conta própria e assumiu. Não deu certo. O golpe não funcionou e ele foi exonerado. Itajay caiu em desgraça política. Itabaiana só voltou a ter força no Estado, com Euclides Paes Mendonça (década de 1950).

Itabaiana perdeu força política e o Padre Francisco Freire, usou o seu prestígio com o governador Siqueira de Menezes. A aventura de Itajay custou caro, Itabaiana começou a perder território. Em 1912, Campo do Brito ficou com uma grande área, que englobava Macambira, Pedra Mole, Pinhão e São Domingos. Até o povoado Ribeira ficou com Campo do Brito. Em 1932, Campo do Brito era o oitavo município mais populoso de Sergipe.

O Agreste foi todo desmembrado do território de Itabaiana Grande. Hoje, os limites são administrativos. Culturalmente, somos uma mesma comunidade e um mesmo povo.

Essa separação do Campo do Brito foi um baque para Itabaiana e deixou sequelas. Antigamente, se dizia em Itabaiana, que o Brito era lugar de lobisomem. Eu não sabia as razões, mas acreditava que a maioria dos lobisomens vinham do Brito.

Entretanto, talvez Campo do Brito seja o município mais identificado com Itabaiana: economicamente, culturalmente e religiosamente. Aliás, a cultura do Agreste é muito parecida: os valores, as crenças, a culinária, as estórias são muito próximas. No período colonial, todos foram devotos de Santo Antonio.

Em minha infância, nunca perdi a festa do padroeiro do Brito. Itabaiana descia em peso, para a procissão de Nossa Senhora da Boa Hora, em 15 de agosto.

Campo do Brito passou de Vila a Cidade, através do Decreto-Lei nº 69, de 28 de março de 1938.

Com o tempo foram reduzindo o território de Campo do Brito: a Ribeira retornou a Itabaiana em 1939; em 1953, o Pinhão e Pedra Mole ganharam autonomia; em 1954, Macambira; e em 1963, São Domingos. Restou ao Campo do Brito um área de 201 km². No Censo de 2022, o IBGE constatou cerca de 18 mil habitantes.

Esse ano, 2025, a Paroquia de Santo Antonio e Almas de Itabaiana, completa 350 anos. O Padre, Marcos Rogério, teve a iluminada ideia de nas comemorações dos sétimo jubileu da Freguesia, levar Santo Antonio em peregrinação para os municípios que nasceram juntos com Itabaiana, viveram junto, e que estão de certa forma também comemorando.

Santo Antonio vai a Campo do Brito, no final deste mês. Será uma oportunidade de aproximação cultural Itabaiana/Campo do Brito. Somos o mesmo povo, a mesma gente, as mesmas raízes e os mesmos costumes.

Viva a cultura do Agreste sergipano.

OS: os dados históricos sobre Campo do Brito, bebi na fonte do historiador Almeida Bispo.
 

domingo, 5 de janeiro de 2025

AS BODEGAS DO BECO NOVO

As bodegas do Beco Novo. (por Antonio Samarone).

Cresci ouvindo histórias, na bodega de Senhor Zabumba. Era lá, que se vendia o melhor caramelo do Agreste. Cocada puxa era na bodega de Dona Rosita, na outra esquina.

Na Bodega de Senhor Zabumba, ouvi muitas histórias contadas por Seu Sancho, Armelindo, Nilo Base, Dequinha sapateiro, Zé de Hermógenes, João Giba, Zé Mosquito e do Pai de Zé Pindoba.

A bodega de Manoel Francisco de Oliveira (Senhor Zabumba), ficava na esquina do Beco Novo, com o Beco do Ouvidor, onde nasci. Seu Zabumba era baixo, de poucas conversas, troncudo e com um barriga enorme. A barriga era o motivo do apelido, parecia uma zabumba.

O escritor Vladimir Carvalho tem razão, Itabaiana é a capital brasileira dos apelidos. Lá, ninguém escapa. E todos os apelidos são bem botados.

Zabumba era um velho rico, dono de seis casas de aluguéis no Beco Novo e duas vilas de quartos na Rua da Pá, sessenta vacas paridas e treze porcas. Era tio de Tonho de Chagas, fazendeiro e comerciante do ramo de posto de gasolina e caminhão, em Itabaiana.

Seu Zabumba, na velhice, foi morar com Dona Maria Dorotéia (foto), uma dama empobrecida do Zanguê, filha de Dona Augusta, irmã de Dona Santinha, esposa de Antonio de Anjinho. Dorotéia era o lado pobre, de uma família importante do Zanguê.

Dorotéia (foto) foi enganada pelo primeiro namorado, que foi embora. Ela precisou vir para cidade e ir lavar roupa de ganho, no açude velho. Uma mulher de fibra e determinação. Foi morar com seu Zabumba e tiveram um filho.

Com a morte de Senhor Zabumba, Dorotéia arrumou um novo casamento, com João Fagundes, e tiveram quatro filhas moças e um rapaz. Todas as moças estudaram e se tornaram cidadãs.

Depois da morte de Senhor Zabumba, a bodega foi vendida a Seu Antonio (vulgo, Jânio Quadros). Seu Antonio, magro, alto, óculos com armação preta, de casco de tartaruga. Um sósia do presidente Jânio. Antonio era o irmão de Zezé de Jonas, que morava em São Paulo.

Foi na bodega de Jânio Quadros que conheci o sabor dos refrigerantes. Cabecinha, filho de Delina, enteado de Jânio Quadros, quando estava sozinho, tomando conta da bodega, abria escondido uma cajuína, refrigerante fabricado no Piauí, e dava um copo aos amigos presentes na bodega.

Não me lembro da Coca-Cola. Pelos menos, nas bodegas do Beco Novo.

No final da vida, João Quadros casou com Marizete de Seu Marinho, irmã de Tororoco.

As bodegas das esquinas próximas, eram a de Dona Rosita, com a sua cocada puxa e um balcão comprido e a bodega de Zé Meu Mano, onde mamãe comprava o óleo de rícino, meia libra de açúcar (250 gr.), botes de fósforos de sete pancadas e óleo de cozinha no retalho.

A memória já começou a esquecer de muita coisa.

Antonio Samarone – Septuagenário.
 

sábado, 4 de janeiro de 2025

UM NOVO HOSPITAL PÚBLICO

Um novo hospital público.
(por Antonio Samarone)

Existe um consenso, Sergipe carece de boas administrações. O último governador que deixou a sua marca foi João Alves Filho. O que existe de relevante de infraestrutura e de programas de desenvolvimento no estado, tem a mão dele.

Infelizmente, em Sergipe, a nova safra de políticos não possui afinidades com a gestão pública. Um deles, espalhou outdoor no final de ano, desejando ao povo “vibrações positivos”, como se essas vibrações dependessem dele. Na verdade, não tem nada a apresentar. A política tornou-se um meio de vida.

O último grande hospital público construído em Sergipe, foi obra de João Alves.

Nos municípios, funcionam a rede hospitalar estadual ou pequenos hospitais “filantrópicos” (quase UPA). O povo precisa do socorro do HUSE, para quase tudo.

Nas eleições de 2022, apareceu um político do interior, pouco conhecido, que ia ganhar no primeiro turno. Foi um corre-corre das elites, precisaram apelar para o tapetão. Passadas as eleições, o líder inesperado foi absolvido em menos de 15 dias. O problema não era jurídico.

O leitor mais atento sabe que estou tratando de Valmir de Francisquinho.

E de onde vem esse desejo de mudanças do eleitorado?

No segundo dia de gestão de Prefeito, Valmir anunciou a construção de um Hospital Público em Itabaiana. É uma iniciativa de quem percebe as necessidades do povo. O mais importante, um hospital em parceria com o Hospital de Amor, com a moderna filantropia. Um hospital com a marca de serviços de qualidade.

O HUSE tem 40 anos. O que mais foi feito? Uma pequena maternidade aqui e outra ali, o Nestor Piva, o Fernando Franco, uma UPA, tudo, de baixo impacto na assistência. Hospital mesmo, o último, foi construído por João Alves, em 1986. Agora, Valmir de Francisquinho anunciou um novo hospital público em Itabaiana.

O “fenômeno Valmir” é a boa gestão. Não tem mistérios. Itabaiana chegou a 103 mil habitantes no último censo, por conta de uma economia próspera e de uma gestão qualificada. É o que Sergipe precisa.

Não se pode negar: a primeira gestão de Prefeito do Aracaju (1975/79) e os dois primeiros mandatos de Governador (1983/86 e 1991/95) de João Alves, foram excepcionais para Sergipe. O segundo mandato dele de Prefeito e o terceiro de governador não seguiram o mesmo padrão.

Tenho a impressão que Sergipe declina, em comparação com os demais estados nordestinos. No setor de turismo, chega a ser vexatório.

Urge o retorno de boas administrações. Se depender do voto libre, estamos próximos.

Antonio Samarone. Médico Sanitarista.