domingo, 27 de setembro de 2020

GENTE SERGIPANA - CHICO ROLLEMBERG


Gente Sergipana – Chico Rollemberg (85 anos)
(por Antonio Samarone)

Francisco Guimarães Rollemberg, nasceu em 07 de abril de 1935, em Laranjeiras (SE). Filho de Antônio Valença Rollemberg e de Maria das Dores Guimarães Rollemberg.

Criado no sítio da bisavó, Dona Esmeralda Guimarães, num ambiente religioso. Um menino forjado para ser padre.

Foi para a medicina inspirado em Heráclito Diniz Gonçalves, paradigma do médico ideal, pela sua bondade simples, transbordamento afetivo, solidariedade e espírito de sacrifício.

Passou a primeira infância em Laranjeiras, onde fez os primeiros estudos. Veio à Aracaju para estudar no Colégio Tobias Barreto e no Ateneu Sergipense. Concluiu o científico no Colégio Estadual da Bahia.

Em 1959, formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia.

Retornou à Aracaju onde passou a exercer a medicina de forma humanizada. Dotado de exímio talento cirúrgico, se tornou um cirurgião geral, daqueles que opera de tudo.

Trabalhava diuturnamente servindo ao povo, numa prática desprovida de ambição financeira. Chico Rollemberg não enriqueceu com a medicina, não amealhou fortunas. Manteve uma ligação afetiva com seus pacientes, os quais conhecia nominalmente.

Chico Rollemberg operava sem descanso, não deixava os pacientes esperando por muito tempo. Sempre prestativo. Trabalhava em todos os hospitais de Aracaju, em especial, no antigo Hospital de Santa Isabel.

Francisco Rollemberg tornou-se Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões por concurso, com a brilhante monografia, “Lesão Cirúrgica do Ureter".

Naturalmente, o seu prestígio médico o levou à política. Em 1970, foi o Deputado Federal mais votado em Sergipe. Foi deputado por três vezes e Senador da República. Iniciou na Arena e encerou a vida política no PMDB.

Foi um político conservador, íntegro, fiel a suas crenças, voltado para o interesse público. Não ficou rico com a política. Um remanescente dos que fazem política como vocação.

Chico Rollemberg destacou-se na defesa da memória de Sergipe. A sua publicação sobre Fausto Cardoso é uma clássica referência para os pesquisadores.

Foi protagonista na luta pela aprovação do Estatuto do Idoso. Mesmo não sendo cumprido, é uma das legislações mais avançadas do mundo sobre o tema.

Francisco Rollemberg reabriu a polêmica sobre as fronteiras de Sergipe. No Final do Império, a Bahia, com a sua força política e econômica, imprensou Sergipe entre os Rios Real e São Francisco. Uma ocupação pela força.

Chico Rollemberg é uma enciclopédia sobre a cultura sergipana, conhece suas raízes. Um cidadão refinado, afável e acolhedor.

É membro da Academia Sergipana de Letras, na fração literária dos que engradecem a confraria.

Chico Rollemberg ocupa a Cadeira 15, que pertenceu ao grande Garcia Moreno, cujo Patrono é Armindo Guaraná e o primeiro ocupante, o médico homeopata Helvécio Andrade. Uma cadeira que nunca foi ocupada por homenageados de conveniência.

O meu colega sanitarista, Dr. Walter Cardoso, ao saudar Chico Rollemberg por ocasião de sua posse na Academia de Letras, sintetizou uma verdade:

“Os meus pares fazem-me subir a esta tribuna para saudar um dos cirurgiões mais notáveis de Aracaju, um dos políticos mais conhecedores de nossa patologia social, uma das figuras humanas mais singulares, pela superioridade de espírito, sinceridade das atitudes, simplicidade de gestos e bondade de coração.”

A sua memória sobre a história da medicina em Sergipe é um arquivo inexplorado. Acordem-se, historiadores!

Não sei quantas personalidades sergipanas merecem uma biografia, com certeza, Chico Rollemberg é um deles.

Antonio Samarone (médico sanitarista)


 

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