Os Donos do Aracaju
(por Antonio Samarone).
Até 1970, Aracaju limitava-se ao quadrado de Pirro, o Aribé, o 18 do Forte e Bairro América. A explosão urbana acompanhou as chegadas da Petrobrás e da UFS. O primeiro Código de Urbanismo é de 1966.
Antes da década de 1960, as prioridades urbanas do Aracaju eram voltadas para a drenagem dos alagados e grandes aterros. Uma cidade cortada por rios, lagoas, riachos, mangues e apicuns, uma grande restinga cercada de dunas, para se viabilizar como espaço urbano destruiu o meio ambiente natural.
Foi a guerra contra os mosquitos que impulsionou Aracaju. Uma cidade em busca da salubridade. Dezoito canais foram construídos. A sultona das águas, construída num baixio ao nível do mar, precisa de saneamento básico.
Aracaju é um grande aterro embelezado, obra dos sergipanos, dizia o Mestre Luiz Antonio Barreto.
Nesse período bucólico do Aracaju, destacaram-se como Prefeitos, José Conrado de Araújo e Godofredo Diniz. Conrado iniciou a expansão da cidade para a Zona Oeste e criou uma rede municipal de ensino. Godofredo expandiu a cidade para a Atalaia.
Aracaju se movimentava por bondes e kombis. Uma doce Província. Os meninos jogavam bola nas ruas e apicuns e batiam perna no Parque Teófilo Dantas. A farda do Atheneu era um distintivo de orgulho.
A Cascatinha era um refúgio boêmio, a Iara sorveteria e boate e o Cacique Chá, um restaurante de luxo. Seu João imperava no Parque, com a sua barraca de cachorro-quente. Tudo isso já foi contado por Murillo Melins, o memorialista do Aracaju.
O primeiro conjunto habitacional do Aracaju, o Agamenon Magalhães, foi construído por razões sanitárias: a remoção dos moradores do Curral e da Ilha das Cobras, onde funcionava o baixo meretrício.
O desmanche do Morro do Bomfim tirou o quadrado de Pirro do isolamento e permitiu a construção da Rodoviária Luiz Garcia (a velha). A cordilheira de dunas margeando a avenida Pedro Calazans ainda pode ser observada na ladeira da Rua São Cristóvão.
O vasto apicum no fundo do Batistão (Japãozinho), que avançava até a Igreja São José, foi religiosamente aterrado. No local, surgiu o primeiro empreendimento habitacional privado do Aracaju, um conjunto de casas, construído por João Alves (o Pai).
Depois de 1964, Aracaju foi governada por técnicos nomeados: Aloiso Campos, Cleovansóstenes Pereira de Aguiar, Gileno Lima, até a nomeação do Engenheiro João Alves Filho (1975 – 1979), que depois entrou na política.
Nesse período, o urbanista Rubens Chaves foi o grande sonhador do Aracaju com qualidade de vida.
Durante a primeira gestão de João Alves Filho na Prefeitura do Aracaju (1975 - 1979) a cidade foi rasgada em seu limites, abriu-se avenidas e corredores, montou-se um sistema de transporte coletivo. A cidade foi preparada para o mercado imobiliário.
Antes da redemocratização, Heráclito Rollemberg (1979 – 1985) é nomeado Prefeito do Aracaju, seguindo um caminho contrário, deixando a política para assumir a gestão. Deu continuidade as mudanças iniciadas por João Alves.
Antes da redemocratização, governou Aracaju num breve período, mas com grande intensidade, José Carlos Teixeira.
A partir de 1985, com o retorno das eleições diretas para Prefeito das Capitais, Aracaju tomou outro rumo, que vamos saber numa LIVE, com o arquiteto e urbanista Wellington Costa.
Como nasceu e morreu o primeiro Plano Diretor do Aracaju?
Desde 1985, há 35 anos, o mesmo grupo político comanda Aracaju, com um breve intervalo de uma segunda passagem de João Alves (2013 – 2017) pela Prefeitura.
O que aconteceu com Aracaju ao longo dos últimos 35 anos? Se transformou numa Capital comandada pelo mercado imobiliário, sem planejamento urbano?
E agora, para aonde pode ir Aracaju, nos próximos 50 anos?
Esse é o debate que será feito na LIVE de amanhã (17/09), com o urbanista Wellington Costa.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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