A Pandemia e o Ensino Superior.
(por Antonio Samarone)
A ultra direita brasileira tem um diagnóstico simplório da Pandemia. O Ministro Paulo Guedes, simplificou as saídas para a crise sanitária: “vacina, privatização e reforma do Estado.
Esse é projeto da elite brasileira, aprofundar o caminho neoliberal. Como o Plano Nacional de Imunização não está funcionando, já autorizaram até o setor privado a vender vacina. Salve-se quem puder!
O Pensamento Crítico enxerga mais longe.
A Pandemia será a linha divisória com o século 20, da mesma forma que a Primeira Guerra Mundial marcou o final do século XIX. A Pandemia impulsionará mudanças profundas no modo de Vida.
O desastre climático, a injustiça social, o fim das ideologias, a crise da democracia, a regurgitação fascista, o terrorismo fundamentalista, o problema da imigração, a crise do modelo capitalista neoliberal são transformações com uma longa história.
A Pandemia os uniu em um único impulso global, sincronizado e violento, tornando o final do século 20 uma experiência planetária comum e compartilhada. É clássico “Trem da História” onde muitos nós pré-existentes se unem.
A Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, afirma:
“A história dá sinais de retrocesso e oferece muitas reflexões para evitar uma armadilha, para compreender e agir melhor, em um período de profunda incerteza e transformação.”
Ninguém se salva só! O mal não é erradicado para sempre, ele é derrotado repetidas vezes, tenazmente, é uma síntese do pensamento da Igreja Romana.
Sartre errou: o inferno não são os outros, é a ausência dos outros, porque um só se salva salvando o outro.
O neoliberalismo acena para a autonomia do mercado, o estado mínimo e a desregulamentação do mundo do trabalho. O futuro será uma sociedade uberizada, atomizada, onde a auto exploração, recebe o pomposo nome de “empreendedorismo”.
O Pensamento Crítico aponta para uma mudança global. Sairemos de uma sociedade de consumo para uma sociedade do cuidado, do mundo e da humanidade.
A Internet das coisas, 5G, inteligência artificial, automação mudarão em definitivo a economia, trarão ganhos de produtividade e aumentarão a produção de riquezas. O que está em disputa é quem se apropriará dessas conquistas da humanidade!
O que a Universidade brasileira tem a dizer sobre os desdobramentos da Pandemia nessa disputa? Nada ou quase nada! No máximo, que é necessário uma adaptação do ensino presencial ao formato remoto e que Isso exige planejamento e consideração às condições de estudantes e professores.
A Universidade brasileira não está sendo protagonista nem no diagnóstico da crise sanitária, nem na busca de saídas.
Os pensadores oficiais estão debruçados sobre os seus currículos e no cumprimento das metas estéreis da produção acadêmica.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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